terça-feira, 24 de março de 2009

Cu Cheio

Sempre quis ter uma casa com banheira. Aqui tenho. Usei uma vez.

Sempre quis ter um carro com teto solar. Aqui tenho. Usei duas vezes.

Sempre quis ter uma casa com lareira. Aqui tenho. Nunca usei.

Sempre quis morar nos EUA. Aqui estou e vivo querendo voltar pro Brasil.

Sempre quis ser o principal diretor de arte de uma agência. Hoje sou e quero mudar de ramo.

E por aí vai... Sempre... Sempre... Sempre...

Como diria minha mãe: Isso é cu cheio!

terça-feira, 17 de março de 2009

Almofadas voadoras



Ói nóis aqui traveis!

Voltando lá pela época que cheguei nos EUA. Como já disse, recebi uma bufunfinha da agência pra ajudar a montar a nova vida. Logo que aluguei o apê, tive que ir comprar os móveis. Me indicaram uma loja longe pra caraio, Ikea, onde você compra e monta os móveis. Poderia ir comprar, mandar entregar em casa e ainda pagar pra montarem. Mas eu vim com a cabeça de peão e resolvi economizar. Aluguei uma caminhonete na U-Hall, que o conceito dessa empresa é que você possa fazer sua própria mudança.

Um espertinho, quando descobriu que eu ia lá, se candidatou pra me ajudar. Depois fui descobrir que ele queria fazer compras também e o carro dele, era um esportivo que mais parecia uma caixa de fórsforo arredondada. Minúsculo e com apenas dois bancos, o de motorista e o de passageiro, ou seja, Alezão indo pros cafundós, com uma caminhonete, caiu como uma luva pra ele.

Passei o dia escolhendo sofá, cama, colchão, hack pra tv, louças, talheres... Eu não queria ter que voltar lá tão cedo. Além de longe, teria que alugar uma jabiraca novamente. Então a solução foi comprar a casa inteira, sem faltar nada. O resultado foi uma caminhonete até o talo. E o fiadeumaégua que foi comigo, comprou mais do que devia. Tive que fazer duas viagens. Na primeira, tive que deixar o baguá lá, com as compras dele e fui pra casa sozinho. Eu estava aqui havia apenas 2 semanas então minhas referências, pra achar o caminho, eram apenas visuais. Ou seja, fudeu!

Dirigindo pela rodovia, pois a loja era em outra cidade, vim preocupado com as trocentas coisas na caçamba. Sacolas, caixas... Nas poucas vezes em que eu estava olhando pra estrada, e não no retrovisor, reparei um vulto rápido na caçamba e apesar de não ver, eu tinha a certeza que alguma coisa tinha voado!

Me perdi um pouco, mas consegui chegar em casa. Descarreguei quase tudo, com caixas pesadas no lombo, subindo escadas até o terceiro piso, sozinho. Enquanto fui descarregando, tentei descobrir o que supostamente havia voado. Mas não dei por falta de nada.

1 hora depois, regressei à loja pra buscar o filhote-de-cruz-credo. Colocamos as coisas na caçamba e bora de volta a Dallas. Aquela sensação de ter visto algo voar não saia da minha cabeça. Na volta, fui olhando pros cantos da estrada, pra ver se via algo... Mas nada. Estava muito escuro a rodovia pra detalhar algo.

Minha casa parecia a Casa dos Horrores. Era caixas jogada de um lado, sacolas de outro. Uma puta de uma zona. Estava cansado demais. Fui tomar um banho e percebi que havia esquecido de comprar a cortina do box! Depois de molhar o banheiro inteiro, resolvi que teria que voltar naquela loja no dia seguinte, aproveitando que estaria com o carro alugado ainda.

Na hora de dormir, senti falta do travesseiro e do edredon. Procurei como louco. Já sabia o que tinha voado. Fui pegar uma almofada então pra dormir. Puta que pariu, cadê as almofadas? Havia comprado 5 almofadas. Apenas 1 estava ali!

Pois é... Logicamente que tive que recomprar tudo. Fui a loja e na volta, com o sol iluminando fui vendo... Uma almofada ali, toda estrupiada, outra acolá, tadinha atropelada, um travesseiro rasgado e com as penas pra fora... Em uns 4o km de estrada, vi restos mortais por quase toda a extensão. E por ali jaziram por toda a vida!