quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Menino Ranhento!

Viajar pro Brasil sempre é uma questão de muita alegria. Mas de irritação e com a paciência beirando ao precipício. Odeio como se tarda o esquema arrumar malas – sair de casa – aeroporto – check-in – sala de embarque – embarque por grupos (o meu sempre é o último) - fila pra entrar no avião – gente lerda colocando as malas no bagageiro – instruções pelos comissários – taxiar – levantar vôo – ficar 10 horas voando – aterrisar – aguardar os mesmos lerdos sairem do avião – esperar a mala (a minha sempre é a última) - alfândega. Isso tudo é um processo que chega a levar um total de 15 horas! É lógico que é compensador, chegar, curtir a família, amigos, meu samba, meu axé, mas tudo tem seus contras.

Tenho quase 1.90 metros de altura. Portanto não sou uma pessoa pequena não. É impressionante como os assentos dos aviões não foram realmente feitos para gordos e altos. São 10 horas de vôo se espremendo entre sua poltrona e a da frente. E aguentando o que está sentando atrás toda hora dar joelhadas no meu banco. Raramente consigo dormir nesses vôos. No máximo uma pestaninha de 1 hora... Sento na cadeira que dá acesso ao corredor, pra poder esticar as pernas pra fora. Logicamente no que eu ganho de um pouco mais de espaços, ganho também em nego pisando no meu pé, em comissária me atropelando com o carrinho de comidas. O avião que pego pra ir e voltar do Brasil é pequeno. Só pra você ter idéia de como é: cada fileira tem 7 assentos. 2 na parte esquerda, 3 no centro e 2 na parte direita.Tento sempre sentar nos assentos do centro, que beiram o corredor, porque a probabilidade de um infeliz sentar exatamente na cadeira do meio, preso, sem liberdade pra nada, é menor. Sendo assim poderia esticar meus pés tanto pro corredor, quando há espaço vago na cadeira central. Isso quando o avião não parece um ônibus da gaviões da fiel.

E indo ao Brasil hoje, final de férias escolares, imagina se tinha espaço pra uma mosca gringa tentar a sorte ilegalmente no país do tio Lula? Lotadíssimo e eu poderia jurar que tinha gente na área das malas e dormindo nos banheiros. Mas até aí tudo bem. O duro é quando senta um bicho estranho ao seu lado. Sabe aqueles meninos gordinhos, cheio de espinhas, óculos fundo de garrafa e que aposto que quando ri sai um ranhentinho e ele puxa de volta pra napa e ainda faz um ahhhhh (como em propaganda da pasta de dente Kolynos). Ele provavelmente voltava de férias na Disney. Primeira vez de EUA. Envolto na tecnologia que esse país nos proporciona a preço mais em conta.

Tive a sorte de sentar ao lado de uma pessoa, que passou 10 horas, inquieto, mexendo no novo ipod, fuçando no novo relógio, esbarrando seu braço em mim, girando o fone de ouvido nos dedos, debruçando o cabeção pra ver o filme que eu estava vendo no laptop, ficar com cara de criança pilantra de “fiz cocô” quando viu que eu estava vendo uma cena forte de Jogos Mortais IV, espichando o pescoço pra ver o filme que um cara via no banco da frente... Eu já sou inquieto num avião... É impressionante como é horrível o espaço e minhas costas vão pro limbo, preciso sempre levantar e dar uma volta, pra ver que ainda consigo andar, apesar das dores nas pernas, nas costas, nos ombros, no cabelo. Tudo dói. Mas viajar ao lado de um ranhentinho (que deve ter espirrado umas 45 vezes e, cada vez que espirrava ria com seu amigo nerd, me lembrando Beavis e Butt-Head). Vou dizer que não é fácil. O moleque foi incontrolável e sabe a bebida dele? Café! A viagem inteira tomando café. Dá-lhe energia. As mãos batucando enquanto ouvia o ipod. As vezes as mãos rodopiavam no ar, como se fosse um baterista de uma banda de ranhentos famosa. 10 horas que percebi que minha paciência tá num nível bom, porque consegui me controlar e não agredir ninguém. Bom, mas chegamos no Brasil. O ranhentinho deve ter ido pra casa dele, ligado o computador, hackeado algum orkut de amigo, procurado comandinhos na internet pra ludibriar os amigos nos desafios no video game e por aí vai.

Na chegada, ele comenta com o amigo: - nossa, amanhã tem aula, que saco, mas vou passar o dia jogando videogame e falar pra minha mãe que não descansei da viagem...

E os dois dão risadas e vejo um ranhentinho indo e voltando da napa. Deus salve os ranhentos!


3 comentários:

Flávia Stefani disse...

Excelente contador de histórias, você

Anônimo disse...

Ale, daqui a pouco vc já esqueceu tudo isso, já está na sua casa, já comeu o bolo de chocolate "que não foi vc quem fez", e agora vai para o pagode. Beijos estou muito feliz. Mamis

Anônimo disse...

VC DEVERIA TER DADO UM SOPAPO NO GAROTO. ETA PESTINHA.

BJS