Como já escrevi aqui, passei 6 meses sem carro, correndo atrás do bonde e pedalando pela cidade . Ir ao mercado era uma tortura, porque imagina comprar as coisas e voltar de bicicleta ou a pé?! Aqui a comida é toda imensa. Tudo é pesado. O leite tem 3 litros, o suco mais 2, a carne mais uma caraiada e por aí vai. Nunca conseguia comprar muita coisa. Já perdi as compras por causa de sacola rasgada, latas de leite condensado já rolaram para o meio da rua, limões já deram uma volta pelo quarteirão e por aí vai. O pior era quando o peso da compra, pendurada no guidão da magrela me fazia perder o equilibrio e eu ia balangandaiando até quase estabacar no chão. Estava ficando craque, e conseguia no máximo uns arranhões e uns hematomas. O duro era brigar com a fia da puta da Lei da Gravidade. Era sempre muito confuso e complicado. Levando em consideração que eu moro no terceiro andar, sem elevador. E não esqueçam que sou bem atrapalhado. Imagine sempre subir três andares com sacolas pesadas e a bicicleta no cangote?! Foram 6 meses sofridos.....
Num dia de folga, um dia de mais ou menos frio e de mais ou menos chuva, resolvi brincar de cozinheiro e fazer um senhor almoço. Na época não sabia fazer quase nada e ia tentar alguma coisa espetacular. E isso me animava muito. Saí de casa todo pimpão! Peguei a bicicleta e lá fui eu pro mercado. Comprei muita coisa. Ia começar fazendo um pudim - pela primeira vez na vida. E para o banquete comprei várias coisas, como carne refrigerada, queijo fresco e outras coisas que necessitariam estar numa geladeira no mínimo em 10 minutos. No total foram 6 sacolas. E não se esqueçam: penduradas no guidão! Eu sempre estacionava o meu veículo ecológico na porta do estabelecimento e trancava com o cadeado, é lógico! E como sou muito inteligente e já tinha prática, coloquei 3 sacolas de cada lado. Abro o cadeado, equilibrando a bike, com uma chave que está no mesmo chaveiro da chave da minha casa. De repente, não mais que de repente, em uma fração de milésimos de segundos a minha amiga e companheira resolveu brincar com o ar, e quase se jogou no chão. Acho que ela estava sentindo que os nossos dias de companheirismo estavam acabando. Fui tentar agarrá-la, afinal ela era a minha melhor amiga aqui. Só que o molho de chaves resolveu fazer tipo e se jogou para o outro lado, na direção oposta ao da bicicleta. Em 1 segundo a bicicleta já estava em pé e fui pegar a chave. Simplesmente sumiu. Foi para outra dimensão. Certeza disso. Vou te contar uma coisa. Não tinha nada onde a mardita poderia se esconder. Nada. Ela simplesmente caiu no chão e foi para outro mundo. Procurei por umas 2 horas. Impossível, revirei tudo o que podia. E não tinha quase nada pra revirar. E além das chaves tinha o controle remoto do portão de casa e um abridor de lata. O molho não era pequeno. Mas sumiu. No meu prédio não existe porteiro. O controle remoto serve pra abrir a jaula que divide o edifício da rua. Ou seja. Tava na merda.
O escritório que administra o condomínio é na rua de casa. Pensei em ir lá e ver se tinha alguém para me dar uma ajuda. E lá fui eu, com a bicicleta me equilibrando nos pesos dos dois lados do guidão. E adivinha? A vagabundagem não trabalha de domingo! Impressionante. O que fazer? Fui pra frente de casa e revistei sacola por sacola, olhei todos os cantos da bicicleta, pra ver se as chaves não estavam presas em nenhum lugar e nada. 2 horas se passaram. A fome tava na lua já. Liguei pra um mexicano amigo, que foi até minha casa me ajudar. Mas na verdade ajudar em quê?
Resolvemos voltar pro mercado pra procurar a chave de novo. Taquei as compras no porta-malas do carro do cara, mas e a bicicleta? Não podia deixar ao relento. No meu edifício tem um estacionamento de bicicletas, mas precisa estar com o cadeado. Já me levaram uma, com corrente e tudo, imagina sem corrente? Era certeza que a magrela ia dar uns passeios em outra freguesia. Mas não tinha jeito. Não tinha possibilidade de colocar a bicicleta no carro. E também não tinha possibilidade de eu entrar no condomínio, lembrando que o controle de acesso foi pra outra dimensão também. 30 minutos esperando algum morador chegar pra abrir a porta e finalmente eu deixar a bicicleta lá. Desprotegida. Triste. Sozinha. No mercado mais 45 minutos de busca pela chave poltergeist. Mas nada mesmo. A solução foi ligar pra um chaveiro. Domingo a noite. Ah tá que isso é fácil. No próprio mercado pego uma lista telefônica e ligo um por um. No último, finalmente, consigo por 80 dólares um puto que vinha até em casa. Fui despachado em casa pelo mexicano, com as minhas inúmeras sacolas e esperei por 2 horas. Sentado fora do edifício. A carne refrigerada já tinha mudado três vezes de cor. Do vermelho paixão, pro amarelo febre até chegar no verde defunto. E lá chega o negão. 2 metros de altura, pesando uns 100 kg. Mais 15 minutos esperando algum morador chegar pra abrir o portão de acesso. E pronto. Em 12 segundos o corno abre a porta. Já passava das 11 da noite. Eu que saí pra comprar o almoço, cheguei na hora da ceia, com a comida estragada e 80 dolares mais pobre.
domingo, 23 de novembro de 2008
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Dinheiro na mão é vendaval
Antes de vir pra cá, vendi algumas coisas que tinha em casa, juntei com uma bufunfa guardada do último trabalho, transformei em dólar e zarpei pra América. Não era muito dinheiro, mas era o possível pra sobreviver algumas semanas. Iria receber aqui, lógico, mas as verdinhas serviriam pra montar essa minha nova vida. Receberia uma grana da agência somente por me transferir pra cá, uma ajuda pra os primeiros gastos, principalmente na nova moradia.
Mas quem disse que foi tranquilo assim?
Recebi meu primeiro dinheirinho da agência, duas semanas após minha chegada. Ainda não tinha conta no banco, então me deram o pagamento em cheque. Precisava descontar aquele cheque, pois o dinheiro de reserva, trazido do Brasil já estava descendo pelo ralo. Vi que o cheque era do banco Chase e procurei o mais próximo. Fui lá, com a cara deslavada pra sacar. Só que aquele pedaço mal-amado de papél não tava nominal. Andei pra cacete até a agência bancária. Tive que tirar impressões digitais de todos os dedos (logicamente que eu não entendia nada, simplesmente mandaram e eu fiz) e depois de 15 minutos, a mulher do caixa fala 400 palavras, onde eu não entendi nada. Nada mesmo. Nem um THE, ou um BOOK, muito menos IS ON THE TABLE. Nada... Tava foda. Mas percebi que algum problema tinha acontecido, pela expressão e o movimento rotatório no eixo vertical da senhora. Perguntei educadamente qual era o problema. A mulher já havia dito. Só que meu cérebro não tinha nem noção disso. Ela largou a caneta, levantou a cabeça e me olhou fixamente. No olhar consegui ver o ódio corroendo as suas entranhas. Ficou 10 segundos sem falar. Para mim pareciam 2 horas. Ficou aquela tensão no ar. Eu pensando que era a minha deixa de falar alguma coisa, mas falar o quê? Depois dessa eternidade de troca de olhares, ela me falou já executando uma pergunta: Você por acaso tá brincando com a minha cara? Quase chorando, respondi que não. E ela disse de forma educada e nada agressiva: JÁ TE EXPLIQUEI PORRA. É SURDO? Aí entendi que o cheque não tava nominal. Por isso, acredito eu, pegaram as minhas digitais, vai que eu era um procurado criminoso, ladrão de cheques. Frustrado, voltei ao trabalho e falei com o careca lá do financeiro, que pediu milhões de desculpas e arrumou a falha.
No dia seguinte, voltei ao mesmo banco. A senhora era a mesma. Depois de olhar o cheque e tal. Falou meia dúzia de palavras e fez o mesmo movimento com a cabeça. Agora eu não iria pegar o dinheiro, porque como é um cheque jurídico, precisava ser retirado na agência bancária, onde a empresa tinha conta. Eu enchi o peito, prendi o ar e pensei no que ia falar: Ok sua gorda morfética lazarenta, mas porque não me disse ontem? Porque fez eu caminhar até aqui novamente filha de um cão sarnento? Mas a única coisa que eu falei, com toda a educação do mundo, foi a pergunta de onde era essa agência. Ela me indicou e o trouxa foi andando até lá. Chegando na famosa agência, a senhora do caixa faz o mesmo movimento de rotação da cabeça. Me disse que como o cheque é blablablablablablablablablabla eu precisaria de uma autorização por escrito da minha empresa. Cada dia que passava, o dinheiro da reserva ia se acabando. No dia seguinte consegui a autorização e voltei. Já com um pé atrás. Pimba! Tudo certo, dinheiro em mãos. Mas é melhor ir e colocar ele logo numa conta, não?
Eu ainda não tinha conta, mas aproveitei pra abrir logo em seguida no Bank of America. Depois de 1 hora (tudo meio que na base da mímica) a conta foi aberta. E já dei o dinheiro para depositar. Já recebi o cartão de débito provisório e fui feliz, cantando, de volta pra agência. Finalmente teria grana.
No dia seguinte, saí pra almoçar, tentei pagar com o cartão de débito e necas. Nada. Eu já havia desbloqueado o cartão, porque não consigo? Tá louco? Paguei o almoço com os mingadinhos que tinha em espécie e na volta aproveito pra ir na minha agência bancária tentar descobrir o porquê. Como era o primeiro movimento da conta, o dinheiro ficaria retido por 2 semanas, aí sim eu poderia usar. A gerente disse isso com um sorriso educado, que mais me parecia um sorriso sarcástico e malicioso dizendo: Se fudeu brasileiro de merda. E foi acabando a reserva monetária. Mas consegui me alimentar nos últimos dias de calvário, antes de finalmente conseguir sacar a primeira verdinha. E tenho certeza que nesta nota estava escrito: Welcome to America!
domingo, 16 de novembro de 2008
Limpando a casa
Uma das coisas legais de você morar fora, é receber visitas de parentes e amigos, vindos diretamente do Brasil. E como sempre, comprar coisas na América é algo inevitável. Então, como anfitrião, tenho que passar algumas horas caminhando em algum outlet da vida.
Pois bem. Minha irmã esteve aqui e passamos o sábado andando pra cima e pra baixo. Por 5 horas compras e mais compras. Caixas e mais caixas. Sacolas e mais sacolas. O resultado foi no domingo, após eu deixá-la no aeroporto com a muamba em cuia, minha casa parecia uma creche após a noite de natal. Caixas espalhadas por todos os cantos. Sacolas embaixo da cama. Uma zona só. Não que ela tenha deixado minha casa bagunçada... Mas... É, não sei terminar esse parágrafo. Realmente ficou zoneado.
Um parêntese só: quando cheguei em casa, tirei todo o lixo que tinha no meu carro, garrafas de água e papéis e aproveitei pra colocar o GPS e a carteira dentro dessa sacola e coloquei em cima da pia.
Bom, voltando ao apartamento. Foi a hora de dar um tapa no apê e jogar todo entulho ali acumulado, através do consumismo desenfreado. Três viagens até o local onde atiramos o lixo (através do Trash Chute, ou seja, pra nos livramos do lixo, abrimos uma portinhola e tacamos todo o baguio lá pra baixo - moro no terceiro andar). Casa limpa.
Umas 2 horas depois, resolvi pedir uma pizza e pra isso precisava do cartão de crédito pra efetuar o pagamento via tel. E cadê a carteira? Busco aqui, procuro ali, reviro a cama acolá... Nada! Desapareceu! Vou até o carro. Vai ver esqueci ali. Porra nenhuma. Ali não tá. Quando entro em casa, refazendo os passos da hora que cheguei, foi como a Certeza enfincando uma faca no meu peito. FOI PRO LIXO! Eu não tinha dúvidas, a sacola que retirei de lixo do meu carro, onde estaria o GPS e a carteira, teria sido arremessada 2 horas antes na porra da portinhola. Busquei 400 vezes em casa, tentando não acreditar no óbvio. Desci até o primeiro andar, e fui ao acesso ao lixo, onde teoricamente o lixo de todos os andares é acumulado através do túnel de arremesso. Era um fedor de lascar. Puta que pariu! É certeza que tinha defunto embaixo daquelas toneladas de sacolas, garrafas, papéis, resto de comida... O caminhão de lixo retira o entulho pela parte de fora do prédio. Por dentro não tem acesso, somente pela portinhola de 50 x 50 cm. E nesse pequeno espaço, comecei a revirar o pouco lixo que eu conseguia mexer. O mau-cheiro era realmente algo lamentável. Depois de algumas tentativas, nada de achar. Desisti. Voltei pro carro. Procurei. Voltei pra casa. Zoneei tudo de novo atrás de alguma ilusão. Nada. Realmente fudeu. Liguei na oficina que administra o condomínio e falei com o zelador, expliquei minha triste história e o senhor, com voz que já estava na cama, assistindo ao Fantástico dos gringos, se prontificou a me ajudar, mas mesmo ele não dizendo, eu juro que consegui ouvir ele falar "Fio de uma égua".
Uns 20 minutos depois, aparece o homem na porta, com o GPS na mão, perguntando: Isso aqui é familiar? Porra, maravilha professor. Mas cadê a carteira? Descemos novamente e o pobre senhor, teve que entrar nessa portinhola minúscula e praticamente nadar no lixo. Olha, uma carteira de motorista: é minha. Olha um cartão de crédito: é meu. Depois de vários objetos a prestação, finalmente a carteira estava ali, perto de uma casca de banana. Na violência da queda de 3 andares, a sacola se rompeu, a carteira abriu e alguns elementos flutuaram por livre e espontânea vontade. Finalmente estava com a mardita em mãos. Mas o duro vai ser aguentar o cheiro que ficou impregnado por ali...
Pois bem. Minha irmã esteve aqui e passamos o sábado andando pra cima e pra baixo. Por 5 horas compras e mais compras. Caixas e mais caixas. Sacolas e mais sacolas. O resultado foi no domingo, após eu deixá-la no aeroporto com a muamba em cuia, minha casa parecia uma creche após a noite de natal. Caixas espalhadas por todos os cantos. Sacolas embaixo da cama. Uma zona só. Não que ela tenha deixado minha casa bagunçada... Mas... É, não sei terminar esse parágrafo. Realmente ficou zoneado.
Um parêntese só: quando cheguei em casa, tirei todo o lixo que tinha no meu carro, garrafas de água e papéis e aproveitei pra colocar o GPS e a carteira dentro dessa sacola e coloquei em cima da pia.
Bom, voltando ao apartamento. Foi a hora de dar um tapa no apê e jogar todo entulho ali acumulado, através do consumismo desenfreado. Três viagens até o local onde atiramos o lixo (através do Trash Chute, ou seja, pra nos livramos do lixo, abrimos uma portinhola e tacamos todo o baguio lá pra baixo - moro no terceiro andar). Casa limpa.
Umas 2 horas depois, resolvi pedir uma pizza e pra isso precisava do cartão de crédito pra efetuar o pagamento via tel. E cadê a carteira? Busco aqui, procuro ali, reviro a cama acolá... Nada! Desapareceu! Vou até o carro. Vai ver esqueci ali. Porra nenhuma. Ali não tá. Quando entro em casa, refazendo os passos da hora que cheguei, foi como a Certeza enfincando uma faca no meu peito. FOI PRO LIXO! Eu não tinha dúvidas, a sacola que retirei de lixo do meu carro, onde estaria o GPS e a carteira, teria sido arremessada 2 horas antes na porra da portinhola. Busquei 400 vezes em casa, tentando não acreditar no óbvio. Desci até o primeiro andar, e fui ao acesso ao lixo, onde teoricamente o lixo de todos os andares é acumulado através do túnel de arremesso. Era um fedor de lascar. Puta que pariu! É certeza que tinha defunto embaixo daquelas toneladas de sacolas, garrafas, papéis, resto de comida... O caminhão de lixo retira o entulho pela parte de fora do prédio. Por dentro não tem acesso, somente pela portinhola de 50 x 50 cm. E nesse pequeno espaço, comecei a revirar o pouco lixo que eu conseguia mexer. O mau-cheiro era realmente algo lamentável. Depois de algumas tentativas, nada de achar. Desisti. Voltei pro carro. Procurei. Voltei pra casa. Zoneei tudo de novo atrás de alguma ilusão. Nada. Realmente fudeu. Liguei na oficina que administra o condomínio e falei com o zelador, expliquei minha triste história e o senhor, com voz que já estava na cama, assistindo ao Fantástico dos gringos, se prontificou a me ajudar, mas mesmo ele não dizendo, eu juro que consegui ouvir ele falar "Fio de uma égua".
Uns 20 minutos depois, aparece o homem na porta, com o GPS na mão, perguntando: Isso aqui é familiar? Porra, maravilha professor. Mas cadê a carteira? Descemos novamente e o pobre senhor, teve que entrar nessa portinhola minúscula e praticamente nadar no lixo. Olha, uma carteira de motorista: é minha. Olha um cartão de crédito: é meu. Depois de vários objetos a prestação, finalmente a carteira estava ali, perto de uma casca de banana. Na violência da queda de 3 andares, a sacola se rompeu, a carteira abriu e alguns elementos flutuaram por livre e espontânea vontade. Finalmente estava com a mardita em mãos. Mas o duro vai ser aguentar o cheiro que ficou impregnado por ali...
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Um Gavião na Mancha Verde
Como todos sabem estou em Dallas.... Dallas fica situada entre Austin (capital do Texas) e Oklahoma City (capital de Oklahoma). Então, estou entre as duas principais universidades do meio-oeste: University of Texas e Oklahoma State University. Portanto, o jogo anual entre as duas equipes acontece aqui. Vem nego de todas as partes. Ou pra assistir o jogo no estádio ou pra ficar nos bares e acompanhar nos telões. E a rivalidade é grande. É como Timão x Suínos, Fla x Flu, Vitória x Bahia, São Paulo x XV de Piracicaba, Santos x Combinado da Vila Maria.
De um lado a equipe do Texas Longhonrs. De outro a equipe do Oklahoma Sooners. Os carros nas ruas estão todos pintados. Alguns dizendo palavras de baixo calão para outra equipe.
A camisa do time do Texas é laranja e a de Oklahoma é vermelha. Todos nas ruas estão ou com laranja ou com vermelha. Lógico que o baguá aqui não sabia de nada. Nem sabia da existência desse jogo. Sabia da rivalidade, por viver num bairro com muito ex-universitários de ambas escolas. Mas nunca imaginava quando seria e o tamanho desse ódio.
Hoje acordei, calcei meus Riders, minha bermuda e uma camisa vermelha e bora rumo ao trabalho. No caminho, passo em frente aos principais bares da região e percebi que estavam enfeitando tudo. Bandeiras aqui, faixas ali, caminhões de promoções encostando ao lado de bares... Tudo para se preparar para a grande festa, que começou ontem, com a chegada de vários forasteiros.
Descubro que vai haver um churrasco, na hora do almoço, pago por uma produtora. Tudo na faixa e com direito a sorteio de ingressos pra esse jogo (tudo esgotado há meses). Bom... Bora pra lá comer uns hamburgueres. Chego lá e vejo que todos estão olhando feio. Falando de canto de boca um com os outros. Alguma coisa eu fiz de errado, não sabia o que era. Encontro o pessoal do trabalho e espantados me dizem sobre a camiseta vermelha que eu estava vestindo: cor de Oklahoma. E percebo que todos estão de laranja. Eu era o único ali com a camisa rubro. Me sentia um cara com a camisa branca e preta entrando no meio da Mancha Verde. O que podia fazer? Assumi que era Oklahoma desde criancinha, é lógico ué. Tava filando o churrasco dos caras, que era em prol do jogo... Se eu falasse que não sabia nada do jogo e que não conhecia a história do confronto iam achar que eu era bicão e ficaria mais feio ainda. A conclusão foi que me jogaram aquela serpentina em spray grudenta pra porra, pintaram meu cabelo de vermelho e tive que tomar cerveja num improvisado copo com o logo do time de Oklahoma... Ainda bem que aqui a violência de torcidas é mais bem humorada. Mas vai se fuder, só queria comer os hamburgueres quieto no meu canto. Mas já que é assim... GO SOONERS!!!!!!!
domingo, 28 de setembro de 2008
Português burro
Como eu já comentei, ou devo ter comentado, Dallas é uma cidade gringa demais. Já conheci várias cidades por aqui e Dallas é disparada a cidade mais americana. Em Uptown e Downtown onde vivo, trabalho e frequento, raramente você encontra alguém que fala português e mais raro ainda é encontrar um brasileiro. Raro pra quem não tem a grande sorte que eu tenho. Ou seria falta de sorte?
Estava na baladinha, acompanhado de alguns amigos brasileiros uma cena repetiu pela segunda vez comigo. Uma amiga minha, brasileira, comentou que os olhos de um tonto que estava na nossa frente eram lindos... Eu, com a mania de ser engraçado, fiquei ameaçando falar pro cara pra ele ir xavecar a brasuca. Ela me proíbia. E eu insistia. Daí viro pra ela e falo: ele pode até vir te xavecar, mas ele não tem cara que gosta da fruta... Tem uma puta cara de viado. Pronto! O corno me vira e fala: Não sou viado não. Não é que o fio de uma égua era brasileiro? Aí a casa cai. Onde colocar a cara numa hora dessas? Só sei que depois que ele falou isso, eu comentei no ouvido da brasileira: Mas que tem cara de viado... ahhhh tem! E saí de fininho dali.
Falei que isso aconteceu pela segunda vez não?
Bom... Morava em Chicago e trampava com um brasileiro. Fomos almoçar num restaurante onde as comidas já prontas, ficavam em exposição, a gente escolheia, o atendente colocava no prato e aí ia direto pra guela. Estávamos numa fila, esperando nossa vez. Quando só faltava uma pessoa, um senhor de tamanho horizontal considerável, na nossa frente, meu amigo pergunta o que eu iria comer. Eu apreciando e babando pela lasanha, mas só tinham mais dois pedaços e o cara da frente já estava comprando um deles. Eu respondo: eu quero lasanha, mas precisa ver se esse gordo puto da nossa frente não vai comer tudo. Meu amigo responde: pelo tamanho da criança, vai comer o seu pedaço de lasanha e a minha pizza. O senhor educadamente vira e diz, num português claríssimo de dar inveja em Arnaldo Jabour: não comerei a outra parte da lasanha e nem a pizza, podem se servir a vontade. O apetite sumiu rapidinho.
Mas já tive minha vingancinha também. Em São Francisco, tirando foto na famosa ponte Golden Gate, um hispânico fala: Mira que cara tonto! Realmente eu estava com cara de tonto, mas respondi que entendia o que ele falava. O tio ficou branco em questões de milésimos de segundos, aí pude ver como minha cara fica quando isso acontece.
Estava na baladinha, acompanhado de alguns amigos brasileiros uma cena repetiu pela segunda vez comigo. Uma amiga minha, brasileira, comentou que os olhos de um tonto que estava na nossa frente eram lindos... Eu, com a mania de ser engraçado, fiquei ameaçando falar pro cara pra ele ir xavecar a brasuca. Ela me proíbia. E eu insistia. Daí viro pra ela e falo: ele pode até vir te xavecar, mas ele não tem cara que gosta da fruta... Tem uma puta cara de viado. Pronto! O corno me vira e fala: Não sou viado não. Não é que o fio de uma égua era brasileiro? Aí a casa cai. Onde colocar a cara numa hora dessas? Só sei que depois que ele falou isso, eu comentei no ouvido da brasileira: Mas que tem cara de viado... ahhhh tem! E saí de fininho dali.
Falei que isso aconteceu pela segunda vez não?
Bom... Morava em Chicago e trampava com um brasileiro. Fomos almoçar num restaurante onde as comidas já prontas, ficavam em exposição, a gente escolheia, o atendente colocava no prato e aí ia direto pra guela. Estávamos numa fila, esperando nossa vez. Quando só faltava uma pessoa, um senhor de tamanho horizontal considerável, na nossa frente, meu amigo pergunta o que eu iria comer. Eu apreciando e babando pela lasanha, mas só tinham mais dois pedaços e o cara da frente já estava comprando um deles. Eu respondo: eu quero lasanha, mas precisa ver se esse gordo puto da nossa frente não vai comer tudo. Meu amigo responde: pelo tamanho da criança, vai comer o seu pedaço de lasanha e a minha pizza. O senhor educadamente vira e diz, num português claríssimo de dar inveja em Arnaldo Jabour: não comerei a outra parte da lasanha e nem a pizza, podem se servir a vontade. O apetite sumiu rapidinho.
Mas já tive minha vingancinha também. Em São Francisco, tirando foto na famosa ponte Golden Gate, um hispânico fala: Mira que cara tonto! Realmente eu estava com cara de tonto, mas respondi que entendia o que ele falava. O tio ficou branco em questões de milésimos de segundos, aí pude ver como minha cara fica quando isso acontece.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Como tudo começou...
Voltando no passado, mais precisamente em julho de 2005, fui pra Chicago pra trabalhar na agência Leo Burnett Lapiz. Seria minha primeira experiência nos EUA. A primeira, quero dizer, profissional. Já tinha passeado por essas bandas algumas vezes, ou seja, sem compromisso com nada, principalmente com essa língua estranha.
Já no país, em Atlanta, onde passaria pela imigração e depois faria uma conexão, já aconteceriam os primeiros problemas. Já seriam indícios do que me esperava nessa terra de ninguém.
Desembarquei após 10 horas de vôo. Vim no mesmo avião que uma excursão para a Disney, com a criançada jogando travesseiros pra lá e pra cá, correndo pelo corredor, gritando, rindo, soltando gases... Não dormi nada. Cheguei em Atlanta destruído e ainda precisava pegar a conexão pra Chicago. Na imigração, o policial começou a falar rápido comigo, em inglês, mil palavras. Não entendia 0,001% do que falava. Ele repetia cada vez rápido e mais puto (aqui a paciência é algo espetacular e raro). Consegui entender 2 ou 3 palavras: meu visto não estava certo. Puta que pariu! Fodeu! Já me imaginava embarcando de volta ao Brasil, algemado e minhas bagagens sendo queimadas.
Fui encaminhado pra uma sala. Cheguei as 8h30. Minha conexão era as 9h20. Os próximos 40 minutos foram os mais longos da minha vida. O cara, na sala falava comigo e eu juro que era uma língua extraterrena. Falava isso e aquilo e nada de eu entender. E o tempo correndo e eu preocupado com a conexão. Depois de algum tempo, apareceu uma funcionária brasileira do aeroporto, por acaso, na mesma sala. Foi a salvação. Traduziu o que aquele marciano falava: meu visto estava errado, mas a culpa não era minha e sim do consulado americano no Brasil. Seria permitido minha entrada no país, mediante uma grande rasura no meu passaporte.
9h10. Minha conexão é dali 10 minutos. Tenho a liberação na imigração e saio que nem uma siriema no cio. Meu portão é o E. Estou no A. Corro que nem louco e 5 minutos depois ainda estava no A. Já era. Tenho apenas 5 minutos pra chegar no E. Se nem saí da porra do A, como vou fazer? Vi uma aeromoça e mostrei a passagem. Resumi só em: Please, HELP ME. HELP ME PORRA! A senhora me indicou o metrô e mandou eu descer no E e pronto. Onde nesse mundo eu poderia imaginar que existia um aeroporto que teria um metrô próprio? Bom... Cheguei com 2 minutos de atraso. O avião não tinha saído. Entrei e todos, quando digo todos, são todos mesmo, olharam pra mim com cara de reprovação. Conseguia ouvir os pensamentos da grigaiada (ouvia em português mesmo): Brasileiro filho da puta. Vem pro meu país e atrasa o meu vôo. Aposto que é terrorista. Filho do Bin Laden. Tomara que volte logo pra Buenos Aires, a capital do Brasil... E por aí vai. Fiquei o vôo inteiro com a sensação que estava no avião errado. Ninguém falava minha língua naquela merda. Como teria a certeza que realmente estava indo pra Chicago? Me recordei do filme Esqueceram de Mim, onde o orelhudo do moleque vai parar em Nova Iorque, quando era pra ter ido pra Paris. O coração a uns 200 batimento por minuto. O cu piscou de tanto medo, até o avião pousar. Foi quando o piloto disse: Welcome to Chicago. Meu Deus que alívio. Ok! O tonto aqui acostumado com o aeroporto de Cumbica, onde na saída você já avista as esteiras com as malas, se assustou quando na saída do avião, já desembarcava no saguão do aeroporto. Pessoas andando pra lá e pra cá. Cadê as malas? Cadê as esteiras? Perdi tudo. Andei que nem louco. Perdido. O sono, a falta da linguagem, o desespero, tudo somado, me deixou cego, surdo e mudo. Não sabia realmente pra onde ir. Fui numa vendedora de Pretzels (aqueles pães salgados no formato de nó) e perguntei num inglês medonho onde era o Check-in (na verdade queria dizer Check-out, o que também estaria errado). Ela me indicou onde despacha a mala. Caraio. Quero a minha mala e não despachar outra. Por sorte um senhor falava mais ou menos espanhol e conseguiu me explicar onde era. Finalmente encontrei. Mas quem disse que seria fácil? 486 esteiras. E nada do vôo que eu vim. Descobri que meu avião não se originou de Atlanta e consegui encontrar a dita esteira, pelo número do vôo. Quando apareceram as malas quase pulei na esteira, quase abracei-as, quase beijei-as, quase disse: papai tá aqui, agora tudo vai ficar bem. Bora pegar o táxi.
Dentro do táxi, passo o endereço num papel pro motorista e só aguardo. Cansado, suado (no Brasil era inverno e lá o verão pegando fogo, deveria estar uns 40 graus), com fome, com saudades, não vendo a hora de chegar e ligar pras pessoas que deixei no Brasil. Mas lembrei que não sabia ligar. Esqueci completamente de ver como fazer a bendita ligação internacional. Inicio uma conversação com o taxista de Gana. A pergunta era pra ter sido simples: Como faço pra ligar pro Brasil. Jesus amado. Não sei se foi meu inglês, mas quando ele ouviu a palavra Brasil, passou a falar em Romário, Bebeto, Ronaldo... 25 minutos de táxi e o puto falando de futebol e eu querendo saber como liga. Conclusão, cheguei no meu futuro lar, sem saber porra nenhuma. Morei com mais 6 pessoas lá e já haviámos combinado que eles deixariam a chave de casa na caixa do correio (todos estavam trabalhando no horário da minha chegada). Adentrei a casa e fui direto ao telefone. Apertava todos os números, tentava de algum jeito acertar a combinação certa. Nada. Nunca mais ia falar com ninguém. Ferrou. Procurei na casa uma lista telefônica. Na minha ceguisse peguei um guia de turismo. Procurei um restaurante brasileiro que fosse. Eles teriam que saber não? Mas não achei. Saí pelas ruas, atrás de um orelhão. Poderia ter alguma informação. Mas não achei. O calor estava explodindo. Voltei pra casa. Quase em farrapos. Suado que nem um boi na brasa. Fucei na casa inteira, alguma coisa pra me ajudar eu encontraria. Foi quando vi um laptop de um dos gringos que morariam comigo. Quer saber? Foda-se. Liguei o laptop e acessei o site da embratel. Morrendo de medo de alguém entrar. O único não americano na casa, no seu primeiro dia, já furtando um laptop... Seria lindo. Finalmente consegui como ligar pro Brasil a cobrar. 16 horas depois de deixar o país, consegui ligar... Ufa! Tô vivo. Já falei com as pessoas, despreocupei elas, me aliviei, agora é hora de tomar banho. E lá se foram mais uns 40 minutos pra descobrir como ligar o chuveiro...
Já no país, em Atlanta, onde passaria pela imigração e depois faria uma conexão, já aconteceriam os primeiros problemas. Já seriam indícios do que me esperava nessa terra de ninguém.
Desembarquei após 10 horas de vôo. Vim no mesmo avião que uma excursão para a Disney, com a criançada jogando travesseiros pra lá e pra cá, correndo pelo corredor, gritando, rindo, soltando gases... Não dormi nada. Cheguei em Atlanta destruído e ainda precisava pegar a conexão pra Chicago. Na imigração, o policial começou a falar rápido comigo, em inglês, mil palavras. Não entendia 0,001% do que falava. Ele repetia cada vez rápido e mais puto (aqui a paciência é algo espetacular e raro). Consegui entender 2 ou 3 palavras: meu visto não estava certo. Puta que pariu! Fodeu! Já me imaginava embarcando de volta ao Brasil, algemado e minhas bagagens sendo queimadas.
Fui encaminhado pra uma sala. Cheguei as 8h30. Minha conexão era as 9h20. Os próximos 40 minutos foram os mais longos da minha vida. O cara, na sala falava comigo e eu juro que era uma língua extraterrena. Falava isso e aquilo e nada de eu entender. E o tempo correndo e eu preocupado com a conexão. Depois de algum tempo, apareceu uma funcionária brasileira do aeroporto, por acaso, na mesma sala. Foi a salvação. Traduziu o que aquele marciano falava: meu visto estava errado, mas a culpa não era minha e sim do consulado americano no Brasil. Seria permitido minha entrada no país, mediante uma grande rasura no meu passaporte.
9h10. Minha conexão é dali 10 minutos. Tenho a liberação na imigração e saio que nem uma siriema no cio. Meu portão é o E. Estou no A. Corro que nem louco e 5 minutos depois ainda estava no A. Já era. Tenho apenas 5 minutos pra chegar no E. Se nem saí da porra do A, como vou fazer? Vi uma aeromoça e mostrei a passagem. Resumi só em: Please, HELP ME. HELP ME PORRA! A senhora me indicou o metrô e mandou eu descer no E e pronto. Onde nesse mundo eu poderia imaginar que existia um aeroporto que teria um metrô próprio? Bom... Cheguei com 2 minutos de atraso. O avião não tinha saído. Entrei e todos, quando digo todos, são todos mesmo, olharam pra mim com cara de reprovação. Conseguia ouvir os pensamentos da grigaiada (ouvia em português mesmo): Brasileiro filho da puta. Vem pro meu país e atrasa o meu vôo. Aposto que é terrorista. Filho do Bin Laden. Tomara que volte logo pra Buenos Aires, a capital do Brasil... E por aí vai. Fiquei o vôo inteiro com a sensação que estava no avião errado. Ninguém falava minha língua naquela merda. Como teria a certeza que realmente estava indo pra Chicago? Me recordei do filme Esqueceram de Mim, onde o orelhudo do moleque vai parar em Nova Iorque, quando era pra ter ido pra Paris. O coração a uns 200 batimento por minuto. O cu piscou de tanto medo, até o avião pousar. Foi quando o piloto disse: Welcome to Chicago. Meu Deus que alívio. Ok! O tonto aqui acostumado com o aeroporto de Cumbica, onde na saída você já avista as esteiras com as malas, se assustou quando na saída do avião, já desembarcava no saguão do aeroporto. Pessoas andando pra lá e pra cá. Cadê as malas? Cadê as esteiras? Perdi tudo. Andei que nem louco. Perdido. O sono, a falta da linguagem, o desespero, tudo somado, me deixou cego, surdo e mudo. Não sabia realmente pra onde ir. Fui numa vendedora de Pretzels (aqueles pães salgados no formato de nó) e perguntei num inglês medonho onde era o Check-in (na verdade queria dizer Check-out, o que também estaria errado). Ela me indicou onde despacha a mala. Caraio. Quero a minha mala e não despachar outra. Por sorte um senhor falava mais ou menos espanhol e conseguiu me explicar onde era. Finalmente encontrei. Mas quem disse que seria fácil? 486 esteiras. E nada do vôo que eu vim. Descobri que meu avião não se originou de Atlanta e consegui encontrar a dita esteira, pelo número do vôo. Quando apareceram as malas quase pulei na esteira, quase abracei-as, quase beijei-as, quase disse: papai tá aqui, agora tudo vai ficar bem. Bora pegar o táxi.
Dentro do táxi, passo o endereço num papel pro motorista e só aguardo. Cansado, suado (no Brasil era inverno e lá o verão pegando fogo, deveria estar uns 40 graus), com fome, com saudades, não vendo a hora de chegar e ligar pras pessoas que deixei no Brasil. Mas lembrei que não sabia ligar. Esqueci completamente de ver como fazer a bendita ligação internacional. Inicio uma conversação com o taxista de Gana. A pergunta era pra ter sido simples: Como faço pra ligar pro Brasil. Jesus amado. Não sei se foi meu inglês, mas quando ele ouviu a palavra Brasil, passou a falar em Romário, Bebeto, Ronaldo... 25 minutos de táxi e o puto falando de futebol e eu querendo saber como liga. Conclusão, cheguei no meu futuro lar, sem saber porra nenhuma. Morei com mais 6 pessoas lá e já haviámos combinado que eles deixariam a chave de casa na caixa do correio (todos estavam trabalhando no horário da minha chegada). Adentrei a casa e fui direto ao telefone. Apertava todos os números, tentava de algum jeito acertar a combinação certa. Nada. Nunca mais ia falar com ninguém. Ferrou. Procurei na casa uma lista telefônica. Na minha ceguisse peguei um guia de turismo. Procurei um restaurante brasileiro que fosse. Eles teriam que saber não? Mas não achei. Saí pelas ruas, atrás de um orelhão. Poderia ter alguma informação. Mas não achei. O calor estava explodindo. Voltei pra casa. Quase em farrapos. Suado que nem um boi na brasa. Fucei na casa inteira, alguma coisa pra me ajudar eu encontraria. Foi quando vi um laptop de um dos gringos que morariam comigo. Quer saber? Foda-se. Liguei o laptop e acessei o site da embratel. Morrendo de medo de alguém entrar. O único não americano na casa, no seu primeiro dia, já furtando um laptop... Seria lindo. Finalmente consegui como ligar pro Brasil a cobrar. 16 horas depois de deixar o país, consegui ligar... Ufa! Tô vivo. Já falei com as pessoas, despreocupei elas, me aliviei, agora é hora de tomar banho. E lá se foram mais uns 40 minutos pra descobrir como ligar o chuveiro...
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Luz da minha vida
Voltando ao meu início conturbado aqui...
Quando cheguei, morei por 2 semanas num hotel e depois 1 semana peregrinando entre a casa de amigos, dormindo em chão, em sofá de 2 lugares... Só 3 semanas depois que cheguei é que finalmente tive a minha casa. Diferentemente do Brasil, em um apartamento, você escolhe a empresa de energia que vai te fornecer a luz. E lógico que só fui descobrir isso vários dias depois de já estar instalado. Alguém no trabalho perguntou: Já contratou a energia? Como assim? Você tem que contratar a energia, se não, vai ficar sem luz papá! E lá fui eu pesquisar entre algumas companhias, qual me dava o melhor valor. Na época, meu portunhol ainda era básico e o inglês praticamente era de book is on the table, ou seja, complicadíssimo. Como comentei algumas vezes, cheguei sem crédito e pra contratar qualquer serviço tinha que pagar. Sempre. Com a energia não seria diferente. Tive que pagar 250 dólares pro início de conversa. Só que não entendi como esse dinheiro iria voltar pra mim.
Fiz a transferência do dinheiro através do site do banco. Eu já estava recebendo luz em casa, que posteriormente o condomínio me cobrou, mas acreditava que já era pelo serviço contratado. 2 semanas depois do pagamento, recebi um cheque pelo correio de 250, da empresa de energia. Pulei de alegria, pois já era o retorno do dinheiro pra contratar o serviço. Fui depositar na minha conta e algum problema tinha no cheque. Não sabia identificar o que era, pois os funcionários do banco me falavam em inglês. Eu tentava definir o que era através de mimica. Mas tava realmente foda entender. Depois de alguns minutos eternos, conhegui entender alguma coisa, ou achei que entendi. Segundo meu fabuloso inglês, os funcionários estavam me dizendo que o cheque tava destinado a Reliant (empresa de luz) e precisaria estar no meu nome.
Chegando de volta na agência, liguei pra lá, pra falar que o cheque estava errado e que precisariam mandar outro. Depois de pesquisa aqui e acolá, a atendente me diz que a empresa até hoje está esperando meu pagamento pra liberar o serviço. "COMO"? Falei, briguei, lutei. "Eu havia feito o depósito minha senhora, inclusive a empresa já havia me mandado o dinheiro de volta." Jesus! "Não, não e não... Não consta seu cadastro". Tirei cópia de tudo e mandei por fax, para provar que eu não estava louco. Me pediram 24 horas pra resolver. No dia seguinte, aproveitei que precisava ir no banco novamente e tentei depositar o cheque na marra. E mais uma vez, foi um dia regado de mímicas e de viagem cerebral. Mas dessa vez apareceu uma gerente que falava um espanhol medonho, mas compreensível. Expliquei a situação e ela começou a rir. O começo foi realmente foda, não conseguia resolver nada, sem ao menos dar com a cabeça na parede por pelo menos umas 10 vezes. E aquela risada soava irônica e uma voadora na nuca daquela senhora, não seria nada mal. Depois de alguns segundos de gargalhada e nenhuma violência, a senhora me explicou que o cheque tava certo e que quando eu fiz a transferência no site do banco, na verdade efetuei mesmo o pagamento, mas de uma forma errada (até hoje não descobri a certa). O que eu fiz, foi a "criação de um cheque". E o banco mandou esse cheque e o que eu precisava fazer, era colocar em um envelope e mandar pra empresa de energia. Ou seja: esse pagamento nunca foi pra empresa de energia e nunca saiu da minha conta. Americano é tão gordo e preguiçoso que criou um sistema de preenchimento de cheque. Para quê preencher o cheque na hora e enviar, se eu posso fazer com que o banco preencha e só tarda 2 semanas pra isso?
Realmente entender o que havia acontecido, me queimou alguns neurônios, mas me trouxe a luz divina e elétrica.
Quando cheguei, morei por 2 semanas num hotel e depois 1 semana peregrinando entre a casa de amigos, dormindo em chão, em sofá de 2 lugares... Só 3 semanas depois que cheguei é que finalmente tive a minha casa. Diferentemente do Brasil, em um apartamento, você escolhe a empresa de energia que vai te fornecer a luz. E lógico que só fui descobrir isso vários dias depois de já estar instalado. Alguém no trabalho perguntou: Já contratou a energia? Como assim? Você tem que contratar a energia, se não, vai ficar sem luz papá! E lá fui eu pesquisar entre algumas companhias, qual me dava o melhor valor. Na época, meu portunhol ainda era básico e o inglês praticamente era de book is on the table, ou seja, complicadíssimo. Como comentei algumas vezes, cheguei sem crédito e pra contratar qualquer serviço tinha que pagar. Sempre. Com a energia não seria diferente. Tive que pagar 250 dólares pro início de conversa. Só que não entendi como esse dinheiro iria voltar pra mim.
Fiz a transferência do dinheiro através do site do banco. Eu já estava recebendo luz em casa, que posteriormente o condomínio me cobrou, mas acreditava que já era pelo serviço contratado. 2 semanas depois do pagamento, recebi um cheque pelo correio de 250, da empresa de energia. Pulei de alegria, pois já era o retorno do dinheiro pra contratar o serviço. Fui depositar na minha conta e algum problema tinha no cheque. Não sabia identificar o que era, pois os funcionários do banco me falavam em inglês. Eu tentava definir o que era através de mimica. Mas tava realmente foda entender. Depois de alguns minutos eternos, conhegui entender alguma coisa, ou achei que entendi. Segundo meu fabuloso inglês, os funcionários estavam me dizendo que o cheque tava destinado a Reliant (empresa de luz) e precisaria estar no meu nome.
Chegando de volta na agência, liguei pra lá, pra falar que o cheque estava errado e que precisariam mandar outro. Depois de pesquisa aqui e acolá, a atendente me diz que a empresa até hoje está esperando meu pagamento pra liberar o serviço. "COMO"? Falei, briguei, lutei. "Eu havia feito o depósito minha senhora, inclusive a empresa já havia me mandado o dinheiro de volta." Jesus! "Não, não e não... Não consta seu cadastro". Tirei cópia de tudo e mandei por fax, para provar que eu não estava louco. Me pediram 24 horas pra resolver. No dia seguinte, aproveitei que precisava ir no banco novamente e tentei depositar o cheque na marra. E mais uma vez, foi um dia regado de mímicas e de viagem cerebral. Mas dessa vez apareceu uma gerente que falava um espanhol medonho, mas compreensível. Expliquei a situação e ela começou a rir. O começo foi realmente foda, não conseguia resolver nada, sem ao menos dar com a cabeça na parede por pelo menos umas 10 vezes. E aquela risada soava irônica e uma voadora na nuca daquela senhora, não seria nada mal. Depois de alguns segundos de gargalhada e nenhuma violência, a senhora me explicou que o cheque tava certo e que quando eu fiz a transferência no site do banco, na verdade efetuei mesmo o pagamento, mas de uma forma errada (até hoje não descobri a certa). O que eu fiz, foi a "criação de um cheque". E o banco mandou esse cheque e o que eu precisava fazer, era colocar em um envelope e mandar pra empresa de energia. Ou seja: esse pagamento nunca foi pra empresa de energia e nunca saiu da minha conta. Americano é tão gordo e preguiçoso que criou um sistema de preenchimento de cheque. Para quê preencher o cheque na hora e enviar, se eu posso fazer com que o banco preencha e só tarda 2 semanas pra isso?
Realmente entender o que havia acontecido, me queimou alguns neurônios, mas me trouxe a luz divina e elétrica.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
O Visto
Uma das coisas boas de morar nessa terra quadrada é o preço das passagens. E o bom de morar no Texas é a proximidade com outros países, principalmente no Caribe e América Central. Com 2 horas de vôo você pode ir para lugares e incríveis. O único país que eu havia conhecido, fora do Brasil, era os EUA. Prometi então que iria fazer um tour por aí. Em 1 ano quase de EUA só viajei internamente, sabe lá Deus porquê. Mas decidi que o feriado de Labor Day (dia do trabalho gringo), onde eu não trabalharia na sexta e na segunda, iria pra algum lugar no Caribe. Sou louco por mar e nunca tinha ido ver o famoso azul.
A idéia era ir pra Porto Rico, mas depois mudou pra Costa Rica, logo em seguida mudou pra Jamaica, na sequência veio República Dominicana... E foi mudando... Minha mente viajou por Guatemala, Bahamas, El Savador, Honduras, Cancun... Até que inventei de ver um local que mal eu conseguia localizar no mapa: Belize. Procurei referências, imagens na internet, histórias. Pimba! É pra lá que eu vou.
Só pra vocês terem idéia, o país é minúsculo. Na verdade não é um país, é um Estado independente, assim como Israel e Porto Rico, pertencente ao Reino Unico. Lá tem o segundo maior barreira de recife de corais do mundo, com 300 km. Fora que tem ruínas maias. Perfeito pra fazer scuba diving (mergulho) ou snorkling (mergulho de superfície). Pronto. Comprei a passagem e fechei com o hotel.
Uns 3 dias antes de embarcar, já animado com a viagem, resolvi pegar mais informações sobre lá... Além de estar viajando sozinho, não sabia nada. Nada mesmo. Perguntava e ninguém nunca havia ido pra lá. E foi em algum site que vi: precisa de visto. Eu nem tinha imaginado que necessitaria, uma coisa minúscula perdido no meio da América Central, quem poderia crer que existisse alguma burocracia pra entrar. Mas existia.
Leio em algum canto que preciso ir ao consulado britânico pra tirar o visto e pesquisando na internet vi que tinha um perto de casa. Fui na hora, afinal, o tempo corria. E nada. O consulado havia fechado há algum tempo e o mais próximo era em Houston (umas 5 horas de carro, ou seja já era). Descobri um consulado de Belize em Washington e liguei somente pra pegar informações se eu conseguiria tirar o visto diretamente na imigração de Belize, já depois de embarcado lá. A resposta foi dura, sincera e simples: NÃO. Fudeu. 2 dias antes de embarcar, o que fazer? Ela me passou um telefone do consulado em Dallas. Tentei ligar o dia todo. Nada. Deixei recado, mas nada. Voltei a ligar pra Washington e a mesma mulher me informou que eu poderia enviar o passaporte pra eles lá, com urgência, que eles me dariam o visto. Só que não teria mais prazo. Precisaria mandar o passaporte, efetuar o pagamento em apenas 1 hora, baseado nuns cálculos que fiz, de tempo de envio, chegada, visto e retorno pras minhas mãos. Isso confiando que ninguém ia dar timão no meu passaporte e fugir. Afinal, nunca tinha ouvido falar desse pequeno espaço de terra no mundo. Quase desistindo da tão sonhada viagem, eis que meu telefone toca. Mal entendia o inglês do senhor. Já entendo mal, mas o sotaque texanos transforma o inglês em alguma língua árabe. E ainda mais, o homem parecia ter uns 120 anos. Tossia, engasgava, quase morrendo. Me perguntou educadamente, O QUE VOCÊ QUER? Foi uma luta até descobrir que aquele homem era do tal “consulado”. Na verdade ele era "O Consulado". Não existia uma sede fixa... Apenas esse véio que se dizia Cônsul. E me falou que
eu não precisaria mandar os documentos pra Washington porque ele mesmo daria o visto.
- Mas aí é um consulado?
- Não, mas eu posso te dar o visto.
- Mas, como assim? Com o que o senhor trabalha?
- Ah saco, meu jovem, faço muitas coisas: sou engenheiro, vendedor de imóveis, consultor, pai-de-santo e nas horas vagas cônsul de Belize.
- Então você pode me dar o visto?
- Não falei que posso saco?
- Então me passa o endereço que vou até aí, é urgente, porque embarco depois de amanhã.
- Não, não. Me fala onde você tá que vou até aí e te carimbo o passaporte.
Bom... Na minha cabeça não entrava. Como um senhor, viria até aqui me dar o visto? Visto Delivery? Cacete. Tá louco? É lógico que é trote, que o fio da puta tá de zoeira e eu vou me ferrar, pois perderei a viagem e o dinheiro do hotel (que já havia sido pago). Mas não tinha o que fazer, a não ser confiar no doutor. Marcamos de nos encontrar então, no dia seguinte, um dia antes de embarcar.
Falou que viria ao meu encontro depois das 16 horas. Desligamos e tchau. No dia do Visto Delivery ainda estou incrédulo, ligo antes do almoço só pra confirmar. Ele disse que me retornaria depois das 15 horas e desligou na minha cara. Pronto, entrei na famosa história do Véio do Trote. Precisava saber quanto teria que pagar, pois havia esquecido o valor que ele já havia dito. Eu tinha uma reunião as 15h00... No exato momento que o véio falou que ia retornar. Precisei ligar pra ele novamente, pra perguntar o valor e pra dizer que estaria numa reunião. Liguei as 14 horas e só ouvi: PORRA, CARALHO... JÁ NÃO DISSE QUE EU LIGARIA PRA VOCÊ AS 15hs? Mas senhor, eu preciso saber quanto tenho que pagar. EU JÁ DISSE ONTEM PRA VOCÊ SACO e pronto, desligou na minha cara de novo. Saquei um dinheiro que acreditava que fosse e pronto. Vamos esperar o véio mal humorado. Lá pelas 17 horas, me liga, dizendo que tá chegando. Depois de alguns desencontros, pois eu ainda estava trabalhando e ele tava a caminho de casa, marcamos de nos encontrar no estacionamento de um restaurante. Me senti seguro ao saber que tinha um policial ali, afinal, já passava de tudo na minha cabeça: sequestro, roubo do dinheiro do visto, roubo do passaporte... Foi só o tiozinho chegar, com seu furgão dos anos 30 que percebi que no máximo ele me enrolaria. Eu disse no começo da história que ele pareciaz ter 120 anos. Mentira. Parecia ter 230. Entrei no furgão do véio e mais parecia um museu pós guerra. Bitucas de cigarros, latas de refrigerantes, maletas empoeiradas, papéis e mais papéis. Me deu um papel amarelado pra eu preencher, que aposto que teria uns 50 anos de vida já. Enquanto ia respondendo as coisas do papel, o velho ia tossindo cada vez mais, e quando mais ele tossia, mais eu escrevia os dados rápido: aquele senhor não teria muito tempo de vida, que pelo menos carimbasse meu passaporte antes de qualquer coisa.
Após um carimbinho simples e o pagamento eu já estava voltando pro trabalho. Ainda incrédulo, pois estava acostumado com o visto americano, que é cheio de frescuras, burocracias e uma dor de cabeça pra tirar. Mas ainda assim achei fácil demais. Voei pra Belize, com medo de chegar lá e ser barrado. Na hora da imigração, o policial da fronteira diz: TÁ ERRADO. Puta que pariu, além de ser enganado, vou ser preso por falsificação de visto. Mas ufa, o que estava errado era só um dado do papel que havia preenchido pra cruzar a fronteira. O visto estava certinho e depois de corrigir o papel, já nem me preocupava se aquele senhor tava vivo ou não.
A idéia era ir pra Porto Rico, mas depois mudou pra Costa Rica, logo em seguida mudou pra Jamaica, na sequência veio República Dominicana... E foi mudando... Minha mente viajou por Guatemala, Bahamas, El Savador, Honduras, Cancun... Até que inventei de ver um local que mal eu conseguia localizar no mapa: Belize. Procurei referências, imagens na internet, histórias. Pimba! É pra lá que eu vou.
Só pra vocês terem idéia, o país é minúsculo. Na verdade não é um país, é um Estado independente, assim como Israel e Porto Rico, pertencente ao Reino Unico. Lá tem o segundo maior barreira de recife de corais do mundo, com 300 km. Fora que tem ruínas maias. Perfeito pra fazer scuba diving (mergulho) ou snorkling (mergulho de superfície). Pronto. Comprei a passagem e fechei com o hotel.
Uns 3 dias antes de embarcar, já animado com a viagem, resolvi pegar mais informações sobre lá... Além de estar viajando sozinho, não sabia nada. Nada mesmo. Perguntava e ninguém nunca havia ido pra lá. E foi em algum site que vi: precisa de visto. Eu nem tinha imaginado que necessitaria, uma coisa minúscula perdido no meio da América Central, quem poderia crer que existisse alguma burocracia pra entrar. Mas existia.
Leio em algum canto que preciso ir ao consulado britânico pra tirar o visto e pesquisando na internet vi que tinha um perto de casa. Fui na hora, afinal, o tempo corria. E nada. O consulado havia fechado há algum tempo e o mais próximo era em Houston (umas 5 horas de carro, ou seja já era). Descobri um consulado de Belize em Washington e liguei somente pra pegar informações se eu conseguiria tirar o visto diretamente na imigração de Belize, já depois de embarcado lá. A resposta foi dura, sincera e simples: NÃO. Fudeu. 2 dias antes de embarcar, o que fazer? Ela me passou um telefone do consulado em Dallas. Tentei ligar o dia todo. Nada. Deixei recado, mas nada. Voltei a ligar pra Washington e a mesma mulher me informou que eu poderia enviar o passaporte pra eles lá, com urgência, que eles me dariam o visto. Só que não teria mais prazo. Precisaria mandar o passaporte, efetuar o pagamento em apenas 1 hora, baseado nuns cálculos que fiz, de tempo de envio, chegada, visto e retorno pras minhas mãos. Isso confiando que ninguém ia dar timão no meu passaporte e fugir. Afinal, nunca tinha ouvido falar desse pequeno espaço de terra no mundo. Quase desistindo da tão sonhada viagem, eis que meu telefone toca. Mal entendia o inglês do senhor. Já entendo mal, mas o sotaque texanos transforma o inglês em alguma língua árabe. E ainda mais, o homem parecia ter uns 120 anos. Tossia, engasgava, quase morrendo. Me perguntou educadamente, O QUE VOCÊ QUER? Foi uma luta até descobrir que aquele homem era do tal “consulado”. Na verdade ele era "O Consulado". Não existia uma sede fixa... Apenas esse véio que se dizia Cônsul. E me falou que
eu não precisaria mandar os documentos pra Washington porque ele mesmo daria o visto.
- Mas aí é um consulado?
- Não, mas eu posso te dar o visto.
- Mas, como assim? Com o que o senhor trabalha?
- Ah saco, meu jovem, faço muitas coisas: sou engenheiro, vendedor de imóveis, consultor, pai-de-santo e nas horas vagas cônsul de Belize.
- Então você pode me dar o visto?
- Não falei que posso saco?
- Então me passa o endereço que vou até aí, é urgente, porque embarco depois de amanhã.
- Não, não. Me fala onde você tá que vou até aí e te carimbo o passaporte.
Bom... Na minha cabeça não entrava. Como um senhor, viria até aqui me dar o visto? Visto Delivery? Cacete. Tá louco? É lógico que é trote, que o fio da puta tá de zoeira e eu vou me ferrar, pois perderei a viagem e o dinheiro do hotel (que já havia sido pago). Mas não tinha o que fazer, a não ser confiar no doutor. Marcamos de nos encontrar então, no dia seguinte, um dia antes de embarcar.
Falou que viria ao meu encontro depois das 16 horas. Desligamos e tchau. No dia do Visto Delivery ainda estou incrédulo, ligo antes do almoço só pra confirmar. Ele disse que me retornaria depois das 15 horas e desligou na minha cara. Pronto, entrei na famosa história do Véio do Trote. Precisava saber quanto teria que pagar, pois havia esquecido o valor que ele já havia dito. Eu tinha uma reunião as 15h00... No exato momento que o véio falou que ia retornar. Precisei ligar pra ele novamente, pra perguntar o valor e pra dizer que estaria numa reunião. Liguei as 14 horas e só ouvi: PORRA, CARALHO... JÁ NÃO DISSE QUE EU LIGARIA PRA VOCÊ AS 15hs? Mas senhor, eu preciso saber quanto tenho que pagar. EU JÁ DISSE ONTEM PRA VOCÊ SACO e pronto, desligou na minha cara de novo. Saquei um dinheiro que acreditava que fosse e pronto. Vamos esperar o véio mal humorado. Lá pelas 17 horas, me liga, dizendo que tá chegando. Depois de alguns desencontros, pois eu ainda estava trabalhando e ele tava a caminho de casa, marcamos de nos encontrar no estacionamento de um restaurante. Me senti seguro ao saber que tinha um policial ali, afinal, já passava de tudo na minha cabeça: sequestro, roubo do dinheiro do visto, roubo do passaporte... Foi só o tiozinho chegar, com seu furgão dos anos 30 que percebi que no máximo ele me enrolaria. Eu disse no começo da história que ele pareciaz ter 120 anos. Mentira. Parecia ter 230. Entrei no furgão do véio e mais parecia um museu pós guerra. Bitucas de cigarros, latas de refrigerantes, maletas empoeiradas, papéis e mais papéis. Me deu um papel amarelado pra eu preencher, que aposto que teria uns 50 anos de vida já. Enquanto ia respondendo as coisas do papel, o velho ia tossindo cada vez mais, e quando mais ele tossia, mais eu escrevia os dados rápido: aquele senhor não teria muito tempo de vida, que pelo menos carimbasse meu passaporte antes de qualquer coisa.
Após um carimbinho simples e o pagamento eu já estava voltando pro trabalho. Ainda incrédulo, pois estava acostumado com o visto americano, que é cheio de frescuras, burocracias e uma dor de cabeça pra tirar. Mas ainda assim achei fácil demais. Voei pra Belize, com medo de chegar lá e ser barrado. Na hora da imigração, o policial da fronteira diz: TÁ ERRADO. Puta que pariu, além de ser enganado, vou ser preso por falsificação de visto. Mas ufa, o que estava errado era só um dado do papel que havia preenchido pra cruzar a fronteira. O visto estava certinho e depois de corrigir o papel, já nem me preocupava se aquele senhor tava vivo ou não.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
A síndrome das "Duas Semanas"
Bom... Como dito anteriormente, minha intenção desde que cheguei aqui, era não comprar carro. Tinha a idéia de economia somada a idéia naturalista de não poluir o ambiente. Quando morei em Chicago consegui uma bicicleta emprestada de um amigo e ia, sorridente, pedalando pelas ruas onde Al Capone fez história. A idéia aqui era a mesma. Comprar uma bicicleta, perder os quilinhos a mais, ainda ter um meio de transporte que não poluisse e principalmente: que fosse barato.
Fui na Target para comprar o meu futuro meio de transporte. Lá é uma loja sofisticada, onde você encontra de tudo: coisas pra sua casa, pro seu carro, roupas, comidas e por aí vai. Olhei várias magrelas... Vários modelos, por minutos investiguei qual seria a melhor opção. Testei ali mesmo. Aí defini, uma linda bicicleta azul e branco, da marca Schiwinn, 21 marchas... A qualidade da bicicleta era espetacular e, por isso, o preço um pouco mais salgado. Mas era macia, confortável, bonita. E como caiu como uma luva..... Ía pro trabalho, ao mercado, passear... Éramos unha e carne. Por duas semanas, fomos um casal inseparável. Dentro do meu edifício tem um local para estacionamento de bicicletas. Mas ela não merecia dormir lá. Não era como as outras. Era especial. Então dormia em casa.
Um certo dia, duas semanas depois de ter comprado, voltei com muitas compras do mercado e como moro no terceiro andar, ou seja, precisaria subir com as compras e a bicicleta no lombo, a solução foi deixá-la no estacionamento de bicicletas. Eu havia comprado uma corrente de aço grosso e com segredo. Aparentemente impossível de abrir e segura. Bom, mas apenas aparentemente. Lembre-se que estamos falando de Alê Torres. No dia seguinte, uma segunda-feira, fui ao encontro da minha amada, para me transportar para o trabalho. Mas cadê? Olhei para todos os lados, assustei. Não estava lá. Será que não levei pra casa? Porra, mas tinha certeza que tinha trancado a minha companheira aqui embaixo. Subi até em casa e nada. Eu realmente tinha a absoluta certeza de que havia estacionado lá embaixo, e com uma puta corrente. Desci novamente. Não acreditava no que eu NÃO estava vendo. Fui furtado. Em pleno EUA. Dentro do prédio, que fica na área mais nobre de Dallas. Inacreditável. Mas a bichinha foi pedalar em outras bandas.
Fui de bonde pro trabalho. Inconsolável. Fui ao escritório que administra meu prédio e quebrei o pau. Disseram que iriam investigar, que isso e aquilo. Mas realmente ela se foi para sempre.
Indignado, alguns dias depois, vi que precisava comprar outra bicicleta. Fui novamente na Target. Olhei a bicicleta mais barata e comprei. Não demorei 14 minutos na loja. Que se dane! Vai ser qualquer uma. Era dura, feia e a marcha trocava sozinha... Um bizarro sistema de câmbio automático! Querem me furtar? Então que furtem uma fumbreca. No dia seguinte a compra, vou ao trabalho com ela e na saída do expediente, voltando pra casa, vejo que a bicicleta tá pesando uns 400 kg a mais. Chego em casa e vejo que o pneu tá murcho. Havia comprado uma bomba de ar pra encher. E pronto, pneu bonito novamente, no dia seguinte vou para o trabalho pedalando a ordinária. No final do dia, lá estava, murcho de novo. Mas será o Benedito? Voltei pro trabalho e pedi ajuda a um gringo que tem uma caminhonete. Arremessei a fia da puta na caçamba e partimos pro Target. Queria outra bicicleta. A gringa pilantra me disse que não poderia trocar, porque já havia sido usada, mas que a manutenção era gratuita e bla bla bla. Era uma terça-feira, se não me engano. Na quinta estaria pronta. Fiquei louco, bicicleta nova problemática e ainda tinha de esperar 2 dias pra arrumar? Quem disse que foram 2 dias? Eles queriam dizer 10 dias. Ligava todos os dias a partir de quinta-feira. O vagabundo da manuntenção não tinha ido nesse dia. Não tinha visto no outro e por aí foi. O atendimento ao consumidor aqui é péssimo. Desligavam na minha cara, falavam bravos... Resolvi ir à loja e exigir a bicicleta consertada ou uma nova. Procuraram aqui, ali e eu tinha um jogo de futebol e como não tinha carona, um camarada ia passar em casa as 20h. Precisava zarpar rápido... E enrolaram... 19h45... 19h50... 19h55... 20h! Falei que voltava as 21h pois tinha compromisso.
O Target fica a uns 2 km de casa. Eu já estava atrasado para a carona. Corri, corri, corri. Em 10 ou 15 minutos estava na porta de casa. Atrasado. Morto. Suado. E o argentino desesperado, porque eu não tinha telefone naquela época. Não conseguia saber o que tinha acontecido. Fomos ao futebol e eu joguei por 10 minutos no máximo, já estava morto pela correria pré-jogo.
Na volta ele me deixou no Target e novamente fui brigar. Alguns minutos se passaram e um corno falou que a bicicleta havia sumido. Simplesmente não estava em lugar algum. Poxa, fiquei feliz viu? Procura aqui, procura ali e realmente sumiu. O gerente, com cara de camundongo, me fala que eu poderia escolher outra bicicleta e levar embora. Eu dava pulos de alegria. Afinal, aquela que eu tinha comprado tava um lixão. Mas... Na correria de voltar pra casa, pra jogar futebol, deixei a carteira lá... Ou seja, esqueci a nota fiscal da compra. E só podia efetuar a troca com o maldito papel. Então a solução foi voltar no dia seguinte. Mas fui sorridente, afinal, ia trocar aquela carcaça por uma melhor e novinha, sem problemas. No dia seguinte vou à troca. E pimba, acharam a pilantra. Infelizmente. A troca foi cancelada, voltei pra casa com ela, agora com pneus novos, mas tinha ainda o sistema de troca de marchas automática, o que várias vezes me fazia perder o equilíbrio ou meter o joelho no guidão.
Algum tempo depois, resolvi comprar o carro. Olhei aqui, olhei ali e resolvi pegar um Volkswagem, que tinha um plano pra estrangeiros sem créditos. Ou seja, eu não precisaria dar dinheiro de entrada (o famoso Cash Down). E ainda melhor, o primeiro mês a concessionária pagava. Mamão com açúcar. Escolhi um lindo Jetta, preto, teto solar, banco de couro, aerofólio. Fiz o seguro bonitinho. Meus pais estavam me visitando nessa época. Era meu novo bibelot. Tratava com carinho, amor e atenção. Comprei um GPS (Global Positioning System, um sistema de navegação, para eu não me perder nas inúmeras rodovias e pontes de Dallas) que falava em português e ouvia somente sambinha através do ipod. Tudo para o carro se sentir parte da família. No estacionamento de casa, colocava o carro encostado na parede, pra diminuir em 50% as chances de algum puto meter a porta na lataria. E foi esse amor por 2 semanas. A maldita síndrome das 2 semanas. Exatamente como a bicicleta, cheguei no estacionamento e vi a cena. Vidro quebrado. O que teria acontecido? Abri a porta e o GPS e o Ipod (devidamente escondidos) haviam sumido. Fui furtado. 2 semanas. Vidro quebrado e ainda quando o vadio foi entrar no carro, meteu o joelho na porta que ficou amassada (até hoje está assim). Esperei o seguro, que me disse que mandaria algum puto só em 48 horas. Chamei a polícia, que me disse que era normal acontecer. Fui na administração do meu condomínio, que simplesmente lavou as mãos e disse que isso é normal na parte nobre de Dallas. Mas dentro do próprio condomínio? 2 vezes? Após 2 semanas exatas que foram feitas as compras? Pois é meus caros, isso não é normal, mas como só acontece comigo essas coisas... Como disse um amigo: você sai do Brasil, de São Paulo, pra ser furtado em Dallas, nos EUA, no primeiro mundo? Vá se benzer, ou melhor, vá se foder.
Fui na Target para comprar o meu futuro meio de transporte. Lá é uma loja sofisticada, onde você encontra de tudo: coisas pra sua casa, pro seu carro, roupas, comidas e por aí vai. Olhei várias magrelas... Vários modelos, por minutos investiguei qual seria a melhor opção. Testei ali mesmo. Aí defini, uma linda bicicleta azul e branco, da marca Schiwinn, 21 marchas... A qualidade da bicicleta era espetacular e, por isso, o preço um pouco mais salgado. Mas era macia, confortável, bonita. E como caiu como uma luva..... Ía pro trabalho, ao mercado, passear... Éramos unha e carne. Por duas semanas, fomos um casal inseparável. Dentro do meu edifício tem um local para estacionamento de bicicletas. Mas ela não merecia dormir lá. Não era como as outras. Era especial. Então dormia em casa.
Um certo dia, duas semanas depois de ter comprado, voltei com muitas compras do mercado e como moro no terceiro andar, ou seja, precisaria subir com as compras e a bicicleta no lombo, a solução foi deixá-la no estacionamento de bicicletas. Eu havia comprado uma corrente de aço grosso e com segredo. Aparentemente impossível de abrir e segura. Bom, mas apenas aparentemente. Lembre-se que estamos falando de Alê Torres. No dia seguinte, uma segunda-feira, fui ao encontro da minha amada, para me transportar para o trabalho. Mas cadê? Olhei para todos os lados, assustei. Não estava lá. Será que não levei pra casa? Porra, mas tinha certeza que tinha trancado a minha companheira aqui embaixo. Subi até em casa e nada. Eu realmente tinha a absoluta certeza de que havia estacionado lá embaixo, e com uma puta corrente. Desci novamente. Não acreditava no que eu NÃO estava vendo. Fui furtado. Em pleno EUA. Dentro do prédio, que fica na área mais nobre de Dallas. Inacreditável. Mas a bichinha foi pedalar em outras bandas.
Fui de bonde pro trabalho. Inconsolável. Fui ao escritório que administra meu prédio e quebrei o pau. Disseram que iriam investigar, que isso e aquilo. Mas realmente ela se foi para sempre.
Indignado, alguns dias depois, vi que precisava comprar outra bicicleta. Fui novamente na Target. Olhei a bicicleta mais barata e comprei. Não demorei 14 minutos na loja. Que se dane! Vai ser qualquer uma. Era dura, feia e a marcha trocava sozinha... Um bizarro sistema de câmbio automático! Querem me furtar? Então que furtem uma fumbreca. No dia seguinte a compra, vou ao trabalho com ela e na saída do expediente, voltando pra casa, vejo que a bicicleta tá pesando uns 400 kg a mais. Chego em casa e vejo que o pneu tá murcho. Havia comprado uma bomba de ar pra encher. E pronto, pneu bonito novamente, no dia seguinte vou para o trabalho pedalando a ordinária. No final do dia, lá estava, murcho de novo. Mas será o Benedito? Voltei pro trabalho e pedi ajuda a um gringo que tem uma caminhonete. Arremessei a fia da puta na caçamba e partimos pro Target. Queria outra bicicleta. A gringa pilantra me disse que não poderia trocar, porque já havia sido usada, mas que a manutenção era gratuita e bla bla bla. Era uma terça-feira, se não me engano. Na quinta estaria pronta. Fiquei louco, bicicleta nova problemática e ainda tinha de esperar 2 dias pra arrumar? Quem disse que foram 2 dias? Eles queriam dizer 10 dias. Ligava todos os dias a partir de quinta-feira. O vagabundo da manuntenção não tinha ido nesse dia. Não tinha visto no outro e por aí foi. O atendimento ao consumidor aqui é péssimo. Desligavam na minha cara, falavam bravos... Resolvi ir à loja e exigir a bicicleta consertada ou uma nova. Procuraram aqui, ali e eu tinha um jogo de futebol e como não tinha carona, um camarada ia passar em casa as 20h. Precisava zarpar rápido... E enrolaram... 19h45... 19h50... 19h55... 20h! Falei que voltava as 21h pois tinha compromisso.
O Target fica a uns 2 km de casa. Eu já estava atrasado para a carona. Corri, corri, corri. Em 10 ou 15 minutos estava na porta de casa. Atrasado. Morto. Suado. E o argentino desesperado, porque eu não tinha telefone naquela época. Não conseguia saber o que tinha acontecido. Fomos ao futebol e eu joguei por 10 minutos no máximo, já estava morto pela correria pré-jogo.
Na volta ele me deixou no Target e novamente fui brigar. Alguns minutos se passaram e um corno falou que a bicicleta havia sumido. Simplesmente não estava em lugar algum. Poxa, fiquei feliz viu? Procura aqui, procura ali e realmente sumiu. O gerente, com cara de camundongo, me fala que eu poderia escolher outra bicicleta e levar embora. Eu dava pulos de alegria. Afinal, aquela que eu tinha comprado tava um lixão. Mas... Na correria de voltar pra casa, pra jogar futebol, deixei a carteira lá... Ou seja, esqueci a nota fiscal da compra. E só podia efetuar a troca com o maldito papel. Então a solução foi voltar no dia seguinte. Mas fui sorridente, afinal, ia trocar aquela carcaça por uma melhor e novinha, sem problemas. No dia seguinte vou à troca. E pimba, acharam a pilantra. Infelizmente. A troca foi cancelada, voltei pra casa com ela, agora com pneus novos, mas tinha ainda o sistema de troca de marchas automática, o que várias vezes me fazia perder o equilíbrio ou meter o joelho no guidão.
Algum tempo depois, resolvi comprar o carro. Olhei aqui, olhei ali e resolvi pegar um Volkswagem, que tinha um plano pra estrangeiros sem créditos. Ou seja, eu não precisaria dar dinheiro de entrada (o famoso Cash Down). E ainda melhor, o primeiro mês a concessionária pagava. Mamão com açúcar. Escolhi um lindo Jetta, preto, teto solar, banco de couro, aerofólio. Fiz o seguro bonitinho. Meus pais estavam me visitando nessa época. Era meu novo bibelot. Tratava com carinho, amor e atenção. Comprei um GPS (Global Positioning System, um sistema de navegação, para eu não me perder nas inúmeras rodovias e pontes de Dallas) que falava em português e ouvia somente sambinha através do ipod. Tudo para o carro se sentir parte da família. No estacionamento de casa, colocava o carro encostado na parede, pra diminuir em 50% as chances de algum puto meter a porta na lataria. E foi esse amor por 2 semanas. A maldita síndrome das 2 semanas. Exatamente como a bicicleta, cheguei no estacionamento e vi a cena. Vidro quebrado. O que teria acontecido? Abri a porta e o GPS e o Ipod (devidamente escondidos) haviam sumido. Fui furtado. 2 semanas. Vidro quebrado e ainda quando o vadio foi entrar no carro, meteu o joelho na porta que ficou amassada (até hoje está assim). Esperei o seguro, que me disse que mandaria algum puto só em 48 horas. Chamei a polícia, que me disse que era normal acontecer. Fui na administração do meu condomínio, que simplesmente lavou as mãos e disse que isso é normal na parte nobre de Dallas. Mas dentro do próprio condomínio? 2 vezes? Após 2 semanas exatas que foram feitas as compras? Pois é meus caros, isso não é normal, mas como só acontece comigo essas coisas... Como disse um amigo: você sai do Brasil, de São Paulo, pra ser furtado em Dallas, nos EUA, no primeiro mundo? Vá se benzer, ou melhor, vá se foder.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Volta Menino Ranhento, por favor!
Felicidade de pobre dura pouco, e de Alê então? Passa como um raio veloz!
Iria voltar do Brasil, pra Dallas, num vôo tranquilo, vazio. Já me imaginava utilizando os 3 bancos do centro do avião, como cama única. Mas não! Esse vôo corria o risco de não sair e fui movido pra um vôo 2 horas mais cedo. E mais uma vez parecia uma Jabiraca, um Pau-de-Arara. Ao chegar no meu assento me deparo com uma menininha de uns 4 anos, loirinha, chegou até parecer educadinha. Mas quando viu que eu ia sentar ali, falou pra mãe: saco, agora não conseguirei dormir deitada. Eu só respondi: eu também não. E quem disse que ela não fez isso? Já na primeira hora de vôo, deitou no colo da mãe, recolhida entre o banco dela e no da mãe. Vocês não imaginam o que é viajar 10 horas sofrendo com os coices dessa mulinha bonitinha. Eu tentava pegar no sono e acordava achando que minhas costelas iriam explodir. Era ela esticando as pernas, jogando seus pés contra meu baço. Eu tentava pegar no sono mais uma vez e acordava com um chute no nariz. Outra vez tentava pegar no sono e recebia um direto de um calcanhar no queixo. Mais uma vez, e a certeza de ter quebrado umas 3 costelas. Joelho, pernas e agora as costelas podres. O ônibus da gaviões fez juz novamente. Volta Menino Ranhento!
Iria voltar do Brasil, pra Dallas, num vôo tranquilo, vazio. Já me imaginava utilizando os 3 bancos do centro do avião, como cama única. Mas não! Esse vôo corria o risco de não sair e fui movido pra um vôo 2 horas mais cedo. E mais uma vez parecia uma Jabiraca, um Pau-de-Arara. Ao chegar no meu assento me deparo com uma menininha de uns 4 anos, loirinha, chegou até parecer educadinha. Mas quando viu que eu ia sentar ali, falou pra mãe: saco, agora não conseguirei dormir deitada. Eu só respondi: eu também não. E quem disse que ela não fez isso? Já na primeira hora de vôo, deitou no colo da mãe, recolhida entre o banco dela e no da mãe. Vocês não imaginam o que é viajar 10 horas sofrendo com os coices dessa mulinha bonitinha. Eu tentava pegar no sono e acordava achando que minhas costelas iriam explodir. Era ela esticando as pernas, jogando seus pés contra meu baço. Eu tentava pegar no sono mais uma vez e acordava com um chute no nariz. Outra vez tentava pegar no sono e recebia um direto de um calcanhar no queixo. Mais uma vez, e a certeza de ter quebrado umas 3 costelas. Joelho, pernas e agora as costelas podres. O ônibus da gaviões fez juz novamente. Volta Menino Ranhento!
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Menino Ranhento!
Viajar pro Brasil sempre é uma questão de muita alegria. Mas de irritação e com a paciência beirando ao precipício. Odeio como se tarda o esquema arrumar malas – sair de casa – aeroporto – check-in – sala de embarque – embarque por grupos (o meu sempre é o último) - fila pra entrar no avião – gente lerda colocando as malas no bagageiro – instruções pelos comissários – taxiar – levantar vôo – ficar 10 horas voando – aterrisar – aguardar os mesmos lerdos sairem do avião – esperar a mala (a minha sempre é a última) - alfândega. Isso tudo é um processo que chega a levar um total de 15 horas! É lógico que é compensador, chegar, curtir a família, amigos, meu samba, meu axé, mas tudo tem seus contras.
Tenho quase 1.90 metros de altura. Portanto não sou uma pessoa pequena não. É impressionante como os assentos dos aviões não foram realmente feitos para gordos e altos. São 10 horas de vôo se espremendo entre sua poltrona e a da frente. E aguentando o que está sentando atrás toda hora dar joelhadas no meu banco. Raramente consigo dormir nesses vôos. No máximo uma pestaninha de 1 hora... Sento na cadeira que dá acesso ao corredor, pra poder esticar as pernas pra fora. Logicamente no que eu ganho de um pouco mais de espaços, ganho também em nego pisando no meu pé, em comissária me atropelando com o carrinho de comidas. O avião que pego pra ir e voltar do Brasil é pequeno. Só pra você ter idéia de como é: cada fileira tem 7 assentos. 2 na parte esquerda, 3 no centro e 2 na parte direita.Tento sempre sentar nos assentos do centro, que beiram o corredor, porque a probabilidade de um infeliz sentar exatamente na cadeira do meio, preso, sem liberdade pra nada, é menor. Sendo assim poderia esticar meus pés tanto pro corredor, quando há espaço vago na cadeira central. Isso quando o avião não parece um ônibus da gaviões da fiel.
E indo ao Brasil hoje, final de férias escolares, imagina se tinha espaço pra uma mosca gringa tentar a sorte ilegalmente no país do tio Lula? Lotadíssimo e eu poderia jurar que tinha gente na área das malas e dormindo nos banheiros. Mas até aí tudo bem. O duro é quando senta um bicho estranho ao seu lado. Sabe aqueles meninos gordinhos, cheio de espinhas, óculos fundo de garrafa e que aposto que quando ri sai um ranhentinho e ele puxa de volta pra napa e ainda faz um ahhhhh (como em propaganda da pasta de dente Kolynos). Ele provavelmente voltava de férias na Disney. Primeira vez de EUA. Envolto na tecnologia que esse país nos proporciona a preço mais em conta.
Tive a sorte de sentar ao lado de uma pessoa, que passou 10 horas, inquieto, mexendo no novo ipod, fuçando no novo relógio, esbarrando seu braço em mim, girando o fone de ouvido nos dedos, debruçando o cabeção pra ver o filme que eu estava vendo no laptop, ficar com cara de criança pilantra de “fiz cocô” quando viu que eu estava vendo uma cena forte de Jogos Mortais IV, espichando o pescoço pra ver o filme que um cara via no banco da frente... Eu já sou inquieto num avião... É impressionante como é horrível o espaço e minhas costas vão pro limbo, preciso sempre levantar e dar uma volta, pra ver que ainda consigo andar, apesar das dores nas pernas, nas costas, nos ombros, no cabelo. Tudo dói. Mas viajar ao lado de um ranhentinho (que deve ter espirrado umas 45 vezes e, cada vez que espirrava ria com seu amigo nerd, me lembrando Beavis e Butt-Head). Vou dizer que não é fácil. O moleque foi incontrolável e sabe a bebida dele? Café! A viagem inteira tomando café. Dá-lhe energia. As mãos batucando enquanto ouvia o ipod. As vezes as mãos rodopiavam no ar, como se fosse um baterista de uma banda de ranhentos famosa. 10 horas que percebi que minha paciência tá num nível bom, porque consegui me controlar e não agredir ninguém. Bom, mas chegamos no Brasil. O ranhentinho deve ter ido pra casa dele, ligado o computador, hackeado algum orkut de amigo, procurado comandinhos na internet pra ludibriar os amigos nos desafios no video game e por aí vai.
Na chegada, ele comenta com o amigo: - nossa, amanhã tem aula, que saco, mas vou passar o dia jogando videogame e falar pra minha mãe que não descansei da viagem...
E os dois dão risadas e vejo um ranhentinho indo e voltando da napa. Deus salve os ranhentos!
Tenho quase 1.90 metros de altura. Portanto não sou uma pessoa pequena não. É impressionante como os assentos dos aviões não foram realmente feitos para gordos e altos. São 10 horas de vôo se espremendo entre sua poltrona e a da frente. E aguentando o que está sentando atrás toda hora dar joelhadas no meu banco. Raramente consigo dormir nesses vôos. No máximo uma pestaninha de 1 hora... Sento na cadeira que dá acesso ao corredor, pra poder esticar as pernas pra fora. Logicamente no que eu ganho de um pouco mais de espaços, ganho também em nego pisando no meu pé, em comissária me atropelando com o carrinho de comidas. O avião que pego pra ir e voltar do Brasil é pequeno. Só pra você ter idéia de como é: cada fileira tem 7 assentos. 2 na parte esquerda, 3 no centro e 2 na parte direita.Tento sempre sentar nos assentos do centro, que beiram o corredor, porque a probabilidade de um infeliz sentar exatamente na cadeira do meio, preso, sem liberdade pra nada, é menor. Sendo assim poderia esticar meus pés tanto pro corredor, quando há espaço vago na cadeira central. Isso quando o avião não parece um ônibus da gaviões da fiel.
E indo ao Brasil hoje, final de férias escolares, imagina se tinha espaço pra uma mosca gringa tentar a sorte ilegalmente no país do tio Lula? Lotadíssimo e eu poderia jurar que tinha gente na área das malas e dormindo nos banheiros. Mas até aí tudo bem. O duro é quando senta um bicho estranho ao seu lado. Sabe aqueles meninos gordinhos, cheio de espinhas, óculos fundo de garrafa e que aposto que quando ri sai um ranhentinho e ele puxa de volta pra napa e ainda faz um ahhhhh (como em propaganda da pasta de dente Kolynos). Ele provavelmente voltava de férias na Disney. Primeira vez de EUA. Envolto na tecnologia que esse país nos proporciona a preço mais em conta.
Tive a sorte de sentar ao lado de uma pessoa, que passou 10 horas, inquieto, mexendo no novo ipod, fuçando no novo relógio, esbarrando seu braço em mim, girando o fone de ouvido nos dedos, debruçando o cabeção pra ver o filme que eu estava vendo no laptop, ficar com cara de criança pilantra de “fiz cocô” quando viu que eu estava vendo uma cena forte de Jogos Mortais IV, espichando o pescoço pra ver o filme que um cara via no banco da frente... Eu já sou inquieto num avião... É impressionante como é horrível o espaço e minhas costas vão pro limbo, preciso sempre levantar e dar uma volta, pra ver que ainda consigo andar, apesar das dores nas pernas, nas costas, nos ombros, no cabelo. Tudo dói. Mas viajar ao lado de um ranhentinho (que deve ter espirrado umas 45 vezes e, cada vez que espirrava ria com seu amigo nerd, me lembrando Beavis e Butt-Head). Vou dizer que não é fácil. O moleque foi incontrolável e sabe a bebida dele? Café! A viagem inteira tomando café. Dá-lhe energia. As mãos batucando enquanto ouvia o ipod. As vezes as mãos rodopiavam no ar, como se fosse um baterista de uma banda de ranhentos famosa. 10 horas que percebi que minha paciência tá num nível bom, porque consegui me controlar e não agredir ninguém. Bom, mas chegamos no Brasil. O ranhentinho deve ter ido pra casa dele, ligado o computador, hackeado algum orkut de amigo, procurado comandinhos na internet pra ludibriar os amigos nos desafios no video game e por aí vai.
Na chegada, ele comenta com o amigo: - nossa, amanhã tem aula, que saco, mas vou passar o dia jogando videogame e falar pra minha mãe que não descansei da viagem...
E os dois dão risadas e vejo um ranhentinho indo e voltando da napa. Deus salve os ranhentos!
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
EUA 10 x 0 Alê Torres
Responda rápido:
Se você precisa fazer um pagamento no dia 3 e esse dia cai num domingo. O que você faz:
a) Espera até o dia 4, o primeiro dia útil após o domingo pra efetuar o pagamento.
b) Paga na sexta, 2 dias adiantado.
c) não paga nunca.
d) nenhuma das anteriores.
Se você respondeu A, porque é acostumado com a forma de pagamento no Brasil, a resposta está completamente errada. Pois é... e eu descobri isso hoje. Pagando minha moradia e com uma multinha, por atraso, salgada de 10% do valor total do aluguel. A próxima vez vou na resposta C e saio correndo desse país.
E o placar segue humilhante: EUA 10 x 0 Alê Torres.
Se você precisa fazer um pagamento no dia 3 e esse dia cai num domingo. O que você faz:
a) Espera até o dia 4, o primeiro dia útil após o domingo pra efetuar o pagamento.
b) Paga na sexta, 2 dias adiantado.
c) não paga nunca.
d) nenhuma das anteriores.
Se você respondeu A, porque é acostumado com a forma de pagamento no Brasil, a resposta está completamente errada. Pois é... e eu descobri isso hoje. Pagando minha moradia e com uma multinha, por atraso, salgada de 10% do valor total do aluguel. A próxima vez vou na resposta C e saio correndo desse país.
E o placar segue humilhante: EUA 10 x 0 Alê Torres.
domingo, 27 de julho de 2008
Bolo Surreal de Chocolate
Bom... Não precisa nem de história. Basta ver a minha primeira tentativa de tentar fazer um bolo. Receita de Dona Mara Esponja. Mesmo recebendo auxílio via nextel dela e da minha mãe, nenhuma das duas me falou que precisava esperar o bolo esfriar pra transferir da assadeira pro prato. Humpf! Fora que acho que não untei direito (até descobrir o que é untar foi uma briga violenta). Visualmente é uma obra surreal, mas juro que ficou uma delícia. O resultado é esse abaixo. O bolo mais bonito da história. Qualquer semelhança com outra coisa é mera coincidência!
quarta-feira, 23 de julho de 2008
O bolinho de chuva.
Bom, isso aconteceu ontem. Ganhei um livro de receitas de uma amiga, a Leila, e vi o Bolinho de Chuva. Amava quando minha mãe fritava e eu me entupia disso. E pelo livro vi que era tranquilo fazer. Mas, é lógico que mesmo sendo sossegado eu consigo complicar.
Saí do trabalho e resolvi ir direto ao supermercado comprar os ingredientes. E ir ao mercado é uma luta inenarrável, porque o verão tá infernal, com temperaturas sempre acima dos 37 graus e caminhar entre o carro, com ar condicionado no máximo, até a porta do supermercado, com certeza é suar 1 litro! Mas a vontade do bolinho era maior. Comprado os ingredientes, fui fazer a massa.
Vocês lembram algumas histórias atrás, quando eu disse que raramente chamo uma faxineira pra limpar e tal? Pois é. Ontem foi dia da senhora vir aqui em casa e deixar um brinco. Mas preciso sujar rápido né? Afinal: solteiro, recém-c0zinheiro e lesado, precisa decorar a casa com sujeira.
Bom voltando à massa. Um ovo aqui. Meia xícara de farinha ali. Leite acolá. E acompanhando a receita estava lá: 1 pitadinha de sal. Eu pensei: vou colocar um pouco mais que apenas uma pitadinha de sal pra ficar bem gostoso e salgadinho. E lá se foi uma colher de sopa de sal. A massa pronta e pimba, me lembro que o bolinho de chuva é doce e não salgado. Jesus amado. Mas iria compensar no açúcar... Certeza.
A frigideira estava suja, pois eu havia feito o almoço em casa, então precisei lavar a criança. Mas queria poupar o pano de prato na hora de enxugar e levei ao fogo, tomada por óleo. Minha cozinha é pequena. Minúscula pra dizer a verdade... De um lado é a pia do outro o fogão e a geladeira. Só cabe uma pessoa e magra. A geladeira fica na sequência do fogão e logo a parede. E era nesse ponto que eu estava. Na frente da geladeira. Para ir à sala, por exemplo, eu precisaria passar na frente do fogão. Mas o óleo começou a esquentar. Aquela maldita água que não sequei começou a pular. A pular é modo de dizer, começou mesmo a explodir. Era um festival de estouros, um reveillon em Copacabana, voando óleo e paciência pra tudo que é lado. Fiquei enclausurado por cerca de 3 minutos, fugindo do óleo voador. Não poderia sair dali, pois precisaria enfrentar o fogão com sua leva de óleo. A chão da cozinha já parecia um ringue de luta no gel. De vez enquando voava um pouco de óleo na mão, no braço. Puta que pariu como dói. Depois do óleo parar com a gracinha e desencanar de saltitar feito um sapo gay, consegui fazer os bolinhos.
Conclusão: Cozinha precisando de uma macumba urgente e comi apenas 2 bolinhos de chuva, porque o gosto ficou incrivelmente horrível! Foi o doce mais salgado que comi na minha vida!
Saí do trabalho e resolvi ir direto ao supermercado comprar os ingredientes. E ir ao mercado é uma luta inenarrável, porque o verão tá infernal, com temperaturas sempre acima dos 37 graus e caminhar entre o carro, com ar condicionado no máximo, até a porta do supermercado, com certeza é suar 1 litro! Mas a vontade do bolinho era maior. Comprado os ingredientes, fui fazer a massa.
Vocês lembram algumas histórias atrás, quando eu disse que raramente chamo uma faxineira pra limpar e tal? Pois é. Ontem foi dia da senhora vir aqui em casa e deixar um brinco. Mas preciso sujar rápido né? Afinal: solteiro, recém-c0zinheiro e lesado, precisa decorar a casa com sujeira.
Bom voltando à massa. Um ovo aqui. Meia xícara de farinha ali. Leite acolá. E acompanhando a receita estava lá: 1 pitadinha de sal. Eu pensei: vou colocar um pouco mais que apenas uma pitadinha de sal pra ficar bem gostoso e salgadinho. E lá se foi uma colher de sopa de sal. A massa pronta e pimba, me lembro que o bolinho de chuva é doce e não salgado. Jesus amado. Mas iria compensar no açúcar... Certeza.
A frigideira estava suja, pois eu havia feito o almoço em casa, então precisei lavar a criança. Mas queria poupar o pano de prato na hora de enxugar e levei ao fogo, tomada por óleo. Minha cozinha é pequena. Minúscula pra dizer a verdade... De um lado é a pia do outro o fogão e a geladeira. Só cabe uma pessoa e magra. A geladeira fica na sequência do fogão e logo a parede. E era nesse ponto que eu estava. Na frente da geladeira. Para ir à sala, por exemplo, eu precisaria passar na frente do fogão. Mas o óleo começou a esquentar. Aquela maldita água que não sequei começou a pular. A pular é modo de dizer, começou mesmo a explodir. Era um festival de estouros, um reveillon em Copacabana, voando óleo e paciência pra tudo que é lado. Fiquei enclausurado por cerca de 3 minutos, fugindo do óleo voador. Não poderia sair dali, pois precisaria enfrentar o fogão com sua leva de óleo. A chão da cozinha já parecia um ringue de luta no gel. De vez enquando voava um pouco de óleo na mão, no braço. Puta que pariu como dói. Depois do óleo parar com a gracinha e desencanar de saltitar feito um sapo gay, consegui fazer os bolinhos.
Conclusão: Cozinha precisando de uma macumba urgente e comi apenas 2 bolinhos de chuva, porque o gosto ficou incrivelmente horrível! Foi o doce mais salgado que comi na minha vida!
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Carteira de Habilitação, uma novela mexicana que vc só vê aqui, nesse blog!
Bom. Desde que cheguei, fui alertado pra tirar a carteira de motorista, porque aí eu ía criando um histórico de direção e o seguro poderia ficar mais barato. Mas pra que? Eu não tinha carro e nem pensava em ter. Me avisavam que aí eu teria um uma Identificação no Texas, coisa que ignorei. Com esse documento, não precisaria ir pras baladas de passaporte ou quando não tinha, não pagar o mico do cara olhar minha carteira de habilitação do Brasil e não entender nada, ou até mesmo ser barrado, porque o documento brasileiro é feito de papel e muito fácil de ser corinthianado.
Mas aí inventei de comprar um carro. Porém a teimosia continuava. Afinal eu tinha a carteira internacional de habilitação. Pra que tirar aqui?
O seguro ficou uma bica e ficaria mais barato se eu tivesse o documento aqui. Mas também não seria muito a diferença. Bora tirar então. Fui num lugar longe pra caraio buscar o livrinho de leis do trânsito aqui. Ô bichinho pra ter páginas. Um venezuelano deu a dica de um site, onde você fazia testes, assim como a prova teórica da joça. Já na primeira pergunta desisti. Não me lembro exatamente do que era, mas era mais ou menos assim: Qual o tamanho da letra, que é usada num cruzamento de vacas, numa estrada gramada, com uma grama artificial, com altura de 15 centímetros num verde-exército? Porra...
A solução foi continuar sem a habilitação aqui, só com a internacional e que Deus Salve a América. Confiava em algumas pessoas que não tem o documento gringo e se mantém sem problemas dirigindo com a internacional. E nunca tiveram problemas. Mas lógicamente que comigo seria diferente. Num sábado, que começou tudo errado, eu tinha um jogo de futebol, longe pra diabo e foi cancelado. É lógico que só fui descobrir quando cheguei lá. Tentaram me avisar, mas estava numa ligação e a pessoa deixou recado. Esqueci de pegar o recado e fudeu. Tempo perdido. Gasolina perdida. Bom... bora voltar pra casa então. Na rodovia, estou ao celular, aqui é permitido, mas quando vejo um carro de polícia parado no acostamento, me assustou, achando que me multaria por estar ao celular, o gambé percebe que tava devendo alguma coisa na praça e vem atrás de mim. Me senti num filme, daqueles filmado pela polícia. A vontade era ser o protagonista do filme... Acelerar e percorrer os EUA inteiro, com helicópteros me perseguindo. Eu aparecendo na CNN. Com aquela coragem animal. Depois me atirar de um precipício como Telma e Louise. Lógicamente que não sou insano assim e não tenho essa coragem. Foi só ver a sirene atrás que quase me borrei e parei rapidinho. Aí o tio lá fala alguma coisa no megafone, que é claro que entendi porra nenhuma. Depois fui descobrir que ele fala pra manter dentro do carro, com as duas mãos do volante. Ah tá... Quando parou o carro eu já tinha tirado as duas mãos faz tempo do volante. Já estava abrindo o porta-luvas pra pegar os documentos. Óia o perigo aí! Mas beleza! Me disse num inglês claro: Você foi parado por excesso de velocidade. Mentira! Eu não tava rápido, tava no limite e na pista do meio, com carros passando muito mais velozes na esquerda. O que eu acho que ele queria dizer era: Parei porque de longe vi que você é o Alexandre, não fala inglês, espanhol, corre atrás de bonde e principalmente, não tem habilitação. Me disse que minha carteira internacional não era válida, pois eu era residente aqui. Me deu uma multa, mas disse para eu ir na corte, e mostrar meus documentos para tentar me safar da multa. Logo na semana seguinte, fui `a corte. E depois de me perder por meia cidade (e olha que tenho gps), pegar uma fila salgada, a juiza me diz que tenho que esperar a multa chegar por correio. Puliça fia da puta, me enganou. Mais uma vez tempo e gasolina que vão pro saco. Ok. Vai ver que nem vai chegar essa multa afinal.
2 semanas depois, já nem lembrava mais da multa, checo a caixa de mensagens do meu prédio. 4 cartas. A primeira é um advogado falando que quer me defender. A segunda também. A terceira também. Porra, defender do que? E lá estava a última carta. Uma multa de 270 dólares. É impressionante como os advogados daqui são ratos! Não podem ver uma sujeira que já estão indo mergulhar! Eu tinha até a data X pra recorrer.
Mas como sou uma pessoa prudente, fui já no dia seguinte `a corte, mostrar os documentos e me livrar de pagar. Lógicamente que não era tão simples assim. Eu só não pagaria a multa se tirasse a carteira de motorista. A mardita me perseguiu. Queria porque queria entrar na minha carteira. Praga!
E claro que não tem perto da agência, um local pra tirar o documento. o mais perto ficava a 20 km. Dei uma estudada no livrinho, respondi umas questões daquele site e pronto. Lá fui eu. Acordei cedo e fui. Chego no local e estava com o sistema fora do ar e a previsão de retorno era só em 2 ou 3 dias. Eu precisava tirar urgente, pois a data limite para pagar estava correndo. Então resolvi ir pra outra locação, que ficava mais 2o km daquele ponto, 40 do trabalho. Chego lá, aguento uma fila rápida e a mulher da informação, olha e reolha meu passaporte. Levanta uma só sobrancelha. E me diz que tá faltando um formulário y. Pqp. Olhei o site que me dizia quais documentos precisaria. E achei que estava tudo em ordem. Fui embora puto. Louco. uns 15 kms depois, na estrada, resolvo dar uma checada nos documentos pedidos no site. E vi que o que eu tinha era necessário. Não precisava do formulário y e nem do z. Voltei lá. E mais uma vez a viadinha disse que precisava. Eu expliquei que o OU em português, significa alternativas. VOCÊ PRECISA DO FORMULÁRIO X OU DO Y. Achei que em inglês tinha o mesmo significado. Com essa aula de gramática, pedi com educação pra ela chamar o supervisor. Me aparece um oficial, fantasiado de xerife com cara de poucos amigos. Fudeu, eu pensei. Mas depois de olhar e checar o sujeito viu que eu tinha razão. A dona das informações me deu uma senha e lá fui eu esperar 1 hora pra ser atendido. Finalmente chamam meu número. Me encaminho até o guichê indicado. E adivinha o que a lambisgóia disse? "Você precisa do fuck formulário y. Saia da fila, providencia isso e volte. Próximo!"... Ei... próximo o cacete, Jesus. Falei as mesmas coisas que havia falado pra viadinha de informações, expliquei o significado do OU, disse que inclusive já havia conversado com o oficial do caraio... E lá foram mais 2o minutos pra gringa verificar. Tudo resolvido, exame de vista feito, bora fazer o exame prático.
BOMBA!! Precisava acertar 70% e eu acertei 65%, com uma questão certa a mais, passaria. Mas porra, uma das questões que errei era: Se você for parado pela polícia, e estiver embriagado, o que deve se proceder.
a) Multa de 5 mil dólares e prisão de 72 horas a 180 dias.
b) Apreensão do carro e da carteira de motorista.
c) Convidar o policial pra mais um trago, no bar mais próximo.
É lógico que acreditei na última opção. Me ferrei.
A solução foi estudar o maldito livro. 2 dias estudando e pronto. É agora! Acordei mais uma vez de madrugada e fui enfrentar a fila. Fiz! Passei! Agora é partir pro exame prático. Só que naquele dia não seria possível, pois eu já tinha perdido a manhã inteira pra fazer o teste. Aliás, virou uma festa do caqui. Em 1 semana , trabalhei apenas o período da tarde. Tudo pra tirar essa joça. No dia seguinte fui fazer a prova. Cheguei 8 da manhã, pra entrar na programação. Só tinha o horário entre as 10 e 11 horas. Um calor de 40 graus. A solução foi ficar dentro do carro com ar condicionado, vendo o ponteiro da gasosa cair. Fui pra fila de carros as 10 e só chegou a patroa as 11 no meu carro, aqui os testes são executados em seu próprio veículo. Teste da buzina OK. Do pisca alerta OK. Da seta direita OK. Da seta esquerda OK. O cartão de seguro do carro?? Eita. Procuro aqui, ali, mas na realidade nunca tinha visto o tal cartão. Eu sabia do telefone da seguradora, mas cartão? Fudeu. Fui expulso da fila, e a mulher pediu que eu voltasse com o cartão pra fazer o teste entre 2 e 3 horas. Fui pra casa num ódio só. 40 km dirigindo. Que porra de cartão é esse? Fucei em todos os meus papéis em casa e pronto, achei. Só que eu tinha que ir trabalhar né? Fui pro trabalho e inventei uma historinha, que o sistema de lá havia caído e blablabla... E que ía novamente a tarde. E novamente voltei lá. E adivinhem, o horário entre as 2 e 3 já estava preenchido. "Please, come back tomorrow". E lá fui eu voltando puto. Mas amanhã eu ia amanhecer no lugar. Dessa vez sai. E novamente 8 da manhã tô lá e só tinha horário entre as 10 e 11. Eu tinha um vôo marcado para as 13 horas. Imaginem a aflição. Mas dessa vez rolou. Finalmente consegui fazer o exame e incrívelmente passar de primeira. Cheguei ainda a dar uma passada pelo trabalho e quando me viram e perceberam que passei, aplaudiram de pé. Por 2 minutos. Bora viajar pro feriado mais sussa. Miami aí vou eu. Na volta eu vou na corte e mostro o documento provisório e me livro da multa. Voltei de Miami na segunda e a data limite era terça.
E daí? Nem lembrei! Fui lembrar na terça a noite! Vou ser preso! Uma amiga me ajudou e procurou na internet: além da multa de 270 eu pagaria 60 a mais pelo atraso. Fiquei feliz viu? Corri, peguei fila, perdi trabalho, suei, gastei gasolina, aturei nego mal-humorado, perdi dinheiro pra que? Pra não valer a nada?
No dia seguinte acordei quase de madrugada. Fui até a corte com o rabo entre as pernas. Preparado pra deixar o que seria uma próxima viagem, assinada num cheque, pra pagar a multa. Mas ufa. Paguei só 20 dólares pelo atraso! Só! Pelo menos agora terei a tão esperada carteira de habilitação americana! E como numa típica novela mexicana, o começo e meio são dramáticos, mas o final feliz!
Mas aí inventei de comprar um carro. Porém a teimosia continuava. Afinal eu tinha a carteira internacional de habilitação. Pra que tirar aqui?
O seguro ficou uma bica e ficaria mais barato se eu tivesse o documento aqui. Mas também não seria muito a diferença. Bora tirar então. Fui num lugar longe pra caraio buscar o livrinho de leis do trânsito aqui. Ô bichinho pra ter páginas. Um venezuelano deu a dica de um site, onde você fazia testes, assim como a prova teórica da joça. Já na primeira pergunta desisti. Não me lembro exatamente do que era, mas era mais ou menos assim: Qual o tamanho da letra, que é usada num cruzamento de vacas, numa estrada gramada, com uma grama artificial, com altura de 15 centímetros num verde-exército? Porra...
A solução foi continuar sem a habilitação aqui, só com a internacional e que Deus Salve a América. Confiava em algumas pessoas que não tem o documento gringo e se mantém sem problemas dirigindo com a internacional. E nunca tiveram problemas. Mas lógicamente que comigo seria diferente. Num sábado, que começou tudo errado, eu tinha um jogo de futebol, longe pra diabo e foi cancelado. É lógico que só fui descobrir quando cheguei lá. Tentaram me avisar, mas estava numa ligação e a pessoa deixou recado. Esqueci de pegar o recado e fudeu. Tempo perdido. Gasolina perdida. Bom... bora voltar pra casa então. Na rodovia, estou ao celular, aqui é permitido, mas quando vejo um carro de polícia parado no acostamento, me assustou, achando que me multaria por estar ao celular, o gambé percebe que tava devendo alguma coisa na praça e vem atrás de mim. Me senti num filme, daqueles filmado pela polícia. A vontade era ser o protagonista do filme... Acelerar e percorrer os EUA inteiro, com helicópteros me perseguindo. Eu aparecendo na CNN. Com aquela coragem animal. Depois me atirar de um precipício como Telma e Louise. Lógicamente que não sou insano assim e não tenho essa coragem. Foi só ver a sirene atrás que quase me borrei e parei rapidinho. Aí o tio lá fala alguma coisa no megafone, que é claro que entendi porra nenhuma. Depois fui descobrir que ele fala pra manter dentro do carro, com as duas mãos do volante. Ah tá... Quando parou o carro eu já tinha tirado as duas mãos faz tempo do volante. Já estava abrindo o porta-luvas pra pegar os documentos. Óia o perigo aí! Mas beleza! Me disse num inglês claro: Você foi parado por excesso de velocidade. Mentira! Eu não tava rápido, tava no limite e na pista do meio, com carros passando muito mais velozes na esquerda. O que eu acho que ele queria dizer era: Parei porque de longe vi que você é o Alexandre, não fala inglês, espanhol, corre atrás de bonde e principalmente, não tem habilitação. Me disse que minha carteira internacional não era válida, pois eu era residente aqui. Me deu uma multa, mas disse para eu ir na corte, e mostrar meus documentos para tentar me safar da multa. Logo na semana seguinte, fui `a corte. E depois de me perder por meia cidade (e olha que tenho gps), pegar uma fila salgada, a juiza me diz que tenho que esperar a multa chegar por correio. Puliça fia da puta, me enganou. Mais uma vez tempo e gasolina que vão pro saco. Ok. Vai ver que nem vai chegar essa multa afinal.
2 semanas depois, já nem lembrava mais da multa, checo a caixa de mensagens do meu prédio. 4 cartas. A primeira é um advogado falando que quer me defender. A segunda também. A terceira também. Porra, defender do que? E lá estava a última carta. Uma multa de 270 dólares. É impressionante como os advogados daqui são ratos! Não podem ver uma sujeira que já estão indo mergulhar! Eu tinha até a data X pra recorrer.
Mas como sou uma pessoa prudente, fui já no dia seguinte `a corte, mostrar os documentos e me livrar de pagar. Lógicamente que não era tão simples assim. Eu só não pagaria a multa se tirasse a carteira de motorista. A mardita me perseguiu. Queria porque queria entrar na minha carteira. Praga!
E claro que não tem perto da agência, um local pra tirar o documento. o mais perto ficava a 20 km. Dei uma estudada no livrinho, respondi umas questões daquele site e pronto. Lá fui eu. Acordei cedo e fui. Chego no local e estava com o sistema fora do ar e a previsão de retorno era só em 2 ou 3 dias. Eu precisava tirar urgente, pois a data limite para pagar estava correndo. Então resolvi ir pra outra locação, que ficava mais 2o km daquele ponto, 40 do trabalho. Chego lá, aguento uma fila rápida e a mulher da informação, olha e reolha meu passaporte. Levanta uma só sobrancelha. E me diz que tá faltando um formulário y. Pqp. Olhei o site que me dizia quais documentos precisaria. E achei que estava tudo em ordem. Fui embora puto. Louco. uns 15 kms depois, na estrada, resolvo dar uma checada nos documentos pedidos no site. E vi que o que eu tinha era necessário. Não precisava do formulário y e nem do z. Voltei lá. E mais uma vez a viadinha disse que precisava. Eu expliquei que o OU em português, significa alternativas. VOCÊ PRECISA DO FORMULÁRIO X OU DO Y. Achei que em inglês tinha o mesmo significado. Com essa aula de gramática, pedi com educação pra ela chamar o supervisor. Me aparece um oficial, fantasiado de xerife com cara de poucos amigos. Fudeu, eu pensei. Mas depois de olhar e checar o sujeito viu que eu tinha razão. A dona das informações me deu uma senha e lá fui eu esperar 1 hora pra ser atendido. Finalmente chamam meu número. Me encaminho até o guichê indicado. E adivinha o que a lambisgóia disse? "Você precisa do fuck formulário y. Saia da fila, providencia isso e volte. Próximo!"... Ei... próximo o cacete, Jesus. Falei as mesmas coisas que havia falado pra viadinha de informações, expliquei o significado do OU, disse que inclusive já havia conversado com o oficial do caraio... E lá foram mais 2o minutos pra gringa verificar. Tudo resolvido, exame de vista feito, bora fazer o exame prático.
BOMBA!! Precisava acertar 70% e eu acertei 65%, com uma questão certa a mais, passaria. Mas porra, uma das questões que errei era: Se você for parado pela polícia, e estiver embriagado, o que deve se proceder.
a) Multa de 5 mil dólares e prisão de 72 horas a 180 dias.
b) Apreensão do carro e da carteira de motorista.
c) Convidar o policial pra mais um trago, no bar mais próximo.
É lógico que acreditei na última opção. Me ferrei.
A solução foi estudar o maldito livro. 2 dias estudando e pronto. É agora! Acordei mais uma vez de madrugada e fui enfrentar a fila. Fiz! Passei! Agora é partir pro exame prático. Só que naquele dia não seria possível, pois eu já tinha perdido a manhã inteira pra fazer o teste. Aliás, virou uma festa do caqui. Em 1 semana , trabalhei apenas o período da tarde. Tudo pra tirar essa joça. No dia seguinte fui fazer a prova. Cheguei 8 da manhã, pra entrar na programação. Só tinha o horário entre as 10 e 11 horas. Um calor de 40 graus. A solução foi ficar dentro do carro com ar condicionado, vendo o ponteiro da gasosa cair. Fui pra fila de carros as 10 e só chegou a patroa as 11 no meu carro, aqui os testes são executados em seu próprio veículo. Teste da buzina OK. Do pisca alerta OK. Da seta direita OK. Da seta esquerda OK. O cartão de seguro do carro?? Eita. Procuro aqui, ali, mas na realidade nunca tinha visto o tal cartão. Eu sabia do telefone da seguradora, mas cartão? Fudeu. Fui expulso da fila, e a mulher pediu que eu voltasse com o cartão pra fazer o teste entre 2 e 3 horas. Fui pra casa num ódio só. 40 km dirigindo. Que porra de cartão é esse? Fucei em todos os meus papéis em casa e pronto, achei. Só que eu tinha que ir trabalhar né? Fui pro trabalho e inventei uma historinha, que o sistema de lá havia caído e blablabla... E que ía novamente a tarde. E novamente voltei lá. E adivinhem, o horário entre as 2 e 3 já estava preenchido. "Please, come back tomorrow". E lá fui eu voltando puto. Mas amanhã eu ia amanhecer no lugar. Dessa vez sai. E novamente 8 da manhã tô lá e só tinha horário entre as 10 e 11. Eu tinha um vôo marcado para as 13 horas. Imaginem a aflição. Mas dessa vez rolou. Finalmente consegui fazer o exame e incrívelmente passar de primeira. Cheguei ainda a dar uma passada pelo trabalho e quando me viram e perceberam que passei, aplaudiram de pé. Por 2 minutos. Bora viajar pro feriado mais sussa. Miami aí vou eu. Na volta eu vou na corte e mostro o documento provisório e me livro da multa. Voltei de Miami na segunda e a data limite era terça.
E daí? Nem lembrei! Fui lembrar na terça a noite! Vou ser preso! Uma amiga me ajudou e procurou na internet: além da multa de 270 eu pagaria 60 a mais pelo atraso. Fiquei feliz viu? Corri, peguei fila, perdi trabalho, suei, gastei gasolina, aturei nego mal-humorado, perdi dinheiro pra que? Pra não valer a nada?
No dia seguinte acordei quase de madrugada. Fui até a corte com o rabo entre as pernas. Preparado pra deixar o que seria uma próxima viagem, assinada num cheque, pra pagar a multa. Mas ufa. Paguei só 20 dólares pelo atraso! Só! Pelo menos agora terei a tão esperada carteira de habilitação americana! E como numa típica novela mexicana, o começo e meio são dramáticos, mas o final feliz!
O Coador
Alguém sabe como limpar um coador de macarrão? Impressionante, mas não consigo! Vou começar a coar com um pano, aí é só jogar na máquina e pronto, ou até mesmo jogar no lixo. Mas o coador cacete? Como lava?
A água passa por ele, o sabão da esponja não pega. Por Deus. Alguém sabe?
A água passa por ele, o sabão da esponja não pega. Por Deus. Alguém sabe?
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Lar, futuro lar
Quando cheguei aqui, morei por 2 semanas num hotel, pago pela agência. E não é nada fácil procurar uma moradia nesse curto espaço de tempo, num lugar que você nunca esteve antes.
Ainda no Brasil procurei pela internet fotos, localizações legais daqui de Dallas. Quando vi o lago White Rock Lake, pensei: é aqui que vou morar! Um lugar cheio de árvores, lugar pra praticar exercícios (como se eu fosse praticar), lugar para pescar (como se eu soubesse pescar) e um lugar pra nadar no verão (como se fosse permitido nadar). No meu primeiro sábado em Dallas peguei um táxi pra procurar moradia na região. O lago tem 15 km de extensão, então imagina se foi fácil. Em cada condomínio eu pedia pro taxista parar. Impressionante como só dirige táxi aqui quem é da Etiópia. E o inglês de um etíope é incrivelmente impossível de entender. Imagine uma pessoa falando a língua amárica, que é uma linguagem semítica (mesma classe do árabe, hebraico e o caraio a 4). Lembrando sempre e sempre que meu inglês é horrível. Então você consegue entender como foi boa e fluente a conversa.
Em cada condomínio a gente parava pra ver os preços. Eu olhava apartamentos, gostava, não gostava. E foi seguindo o dia e o taxímetro. Eu aproveitava pra perguntar pro etíope algumas dúvidas sobre Dallas, cogitar preços de carros, pra ter idéia... Em um lado do lago as casas são lindas, mansões, condomínios elegantes. Do outro lado é o oposto. Casas baratas, feias, condomínios despencando. Logicamente que o bonitão aqui, com a idéia de economizar, foi procurar por essa região. Depois de várias andanças pela parte pobre do lago, depois de olhar e ver que ali seria um lugar ótimo pra morar, mas apenas se eu estivesse nos EUA ilegalmente, se conduzisse um carro com neon embaixo e um exibisse um bigodinho no rosto, resolvi dar uma olhada na parte chique. Era impressionante como os números do taxímetro mudavam rápido.
Não tinha muita opção de apartamento por lá. A maioria das moradias era de casa, estilo americano, uma igual a outra, sem muros, crianças ranhentinhas correndo pra lá e pra cá, um senhor fazendo um delicioso churrasco - o básico de hamburger - Foi aí que vi o condomínio que queria morar. Era ali. Lindo. De frente pro lago. Perfeito. Foi amor a primeira vista. Ordenei pro tio que estacionasse na porta pra eu obter informações. Em alguns lugares de Dallas, os condomínios são abertos. Você pode entrar e vagar lá dentro sem ser apurrinhado por ninguém. E meu futuro lar seria assim... Era incrível!!!
Fomos direto pra entrada do escritório que administra o paraíso. Entrei e não tinha um ser vivo lá dentro... Andei pelos corredores e nada. Era um sábado e provavelmente aquele escritório só trabalhava de segunda a sexta. Bando de vagabundos! Dei uma rodeada por ali e decidi voltar pro táxi. O taxista também havia amado aquele lugar. Acho que ele também pensava na hipótese de um dia viver ali. E insistiu para que conseguíssemos informações. Já disse que o condomínio era lindo? Pois é, era! E nessa busca de carro que fizemos lá dentro, fiquei mais apaixonado ainda......Parece que até campo de golf tinha (como se esse esporte me interessasse em alguma coisa). Encontramos um senhor, na boa vida. Estávamos dentro do carro e o etíope resolveu perguntar se ele gostava de viver ali. "SIM". Se a qualidade de vida era boa ali. "SIM". Eu não conseguia ver a cara do sujeito e vice e versa, porque ele permanecia em pé ao lado do motorista. Quando o taxista perguntou se era caro, já que o o passageiro em questão gostaria de viver ali, o sujeito abaixou, meteu a cara para dentro do carro, me encarou e senti que ele se assustou e segurou o riso. Sei lá, essa foi a impressão que eu tive. Já fiquei pensando ...."Será que ele acha que não tenho cacife para viver aqui?!" Enquanto eu pensava ele cortou meus pensamentos ....."Olha, caro eu não sei se é. Mas, pra você vir pra cá, você vai precisar esperar um tempinho ainda. Aqui é um asilo!"
E lá voltei eu pro hotel, sem casa, sem dinheiro, pois o táxi me quebrou, e sem moradia certa. Bom, pelo menos para os próximos 40 anos!
Ainda no Brasil procurei pela internet fotos, localizações legais daqui de Dallas. Quando vi o lago White Rock Lake, pensei: é aqui que vou morar! Um lugar cheio de árvores, lugar pra praticar exercícios (como se eu fosse praticar), lugar para pescar (como se eu soubesse pescar) e um lugar pra nadar no verão (como se fosse permitido nadar). No meu primeiro sábado em Dallas peguei um táxi pra procurar moradia na região. O lago tem 15 km de extensão, então imagina se foi fácil. Em cada condomínio eu pedia pro taxista parar. Impressionante como só dirige táxi aqui quem é da Etiópia. E o inglês de um etíope é incrivelmente impossível de entender. Imagine uma pessoa falando a língua amárica, que é uma linguagem semítica (mesma classe do árabe, hebraico e o caraio a 4). Lembrando sempre e sempre que meu inglês é horrível. Então você consegue entender como foi boa e fluente a conversa.
Em cada condomínio a gente parava pra ver os preços. Eu olhava apartamentos, gostava, não gostava. E foi seguindo o dia e o taxímetro. Eu aproveitava pra perguntar pro etíope algumas dúvidas sobre Dallas, cogitar preços de carros, pra ter idéia... Em um lado do lago as casas são lindas, mansões, condomínios elegantes. Do outro lado é o oposto. Casas baratas, feias, condomínios despencando. Logicamente que o bonitão aqui, com a idéia de economizar, foi procurar por essa região. Depois de várias andanças pela parte pobre do lago, depois de olhar e ver que ali seria um lugar ótimo pra morar, mas apenas se eu estivesse nos EUA ilegalmente, se conduzisse um carro com neon embaixo e um exibisse um bigodinho no rosto, resolvi dar uma olhada na parte chique. Era impressionante como os números do taxímetro mudavam rápido.
Não tinha muita opção de apartamento por lá. A maioria das moradias era de casa, estilo americano, uma igual a outra, sem muros, crianças ranhentinhas correndo pra lá e pra cá, um senhor fazendo um delicioso churrasco - o básico de hamburger - Foi aí que vi o condomínio que queria morar. Era ali. Lindo. De frente pro lago. Perfeito. Foi amor a primeira vista. Ordenei pro tio que estacionasse na porta pra eu obter informações. Em alguns lugares de Dallas, os condomínios são abertos. Você pode entrar e vagar lá dentro sem ser apurrinhado por ninguém. E meu futuro lar seria assim... Era incrível!!!
Fomos direto pra entrada do escritório que administra o paraíso. Entrei e não tinha um ser vivo lá dentro... Andei pelos corredores e nada. Era um sábado e provavelmente aquele escritório só trabalhava de segunda a sexta. Bando de vagabundos! Dei uma rodeada por ali e decidi voltar pro táxi. O taxista também havia amado aquele lugar. Acho que ele também pensava na hipótese de um dia viver ali. E insistiu para que conseguíssemos informações. Já disse que o condomínio era lindo? Pois é, era! E nessa busca de carro que fizemos lá dentro, fiquei mais apaixonado ainda......Parece que até campo de golf tinha (como se esse esporte me interessasse em alguma coisa). Encontramos um senhor, na boa vida. Estávamos dentro do carro e o etíope resolveu perguntar se ele gostava de viver ali. "SIM". Se a qualidade de vida era boa ali. "SIM". Eu não conseguia ver a cara do sujeito e vice e versa, porque ele permanecia em pé ao lado do motorista. Quando o taxista perguntou se era caro, já que o o passageiro em questão gostaria de viver ali, o sujeito abaixou, meteu a cara para dentro do carro, me encarou e senti que ele se assustou e segurou o riso. Sei lá, essa foi a impressão que eu tive. Já fiquei pensando ...."Será que ele acha que não tenho cacife para viver aqui?!" Enquanto eu pensava ele cortou meus pensamentos ....."Olha, caro eu não sei se é. Mas, pra você vir pra cá, você vai precisar esperar um tempinho ainda. Aqui é um asilo!"
E lá voltei eu pro hotel, sem casa, sem dinheiro, pois o táxi me quebrou, e sem moradia certa. Bom, pelo menos para os próximos 40 anos!
quarta-feira, 25 de junho de 2008
White Trash Taxi
Bom... Depois de umas brigas carnavalescas com o famoso bonde (ainda tenho outras histórias pra contar sobre esse amigão) e depois de problemas incríveis com a(s) bicicleta(s) (contarei a história também), resolvi que precisava de um carro. 6 meses vivendo de bonde, bicicleta e carona. Complicado. Mas ia levando... As coisas aqui são muito longe. Imagina você querer comprar um tênis, só que você mora no Grajaú e a loja mais perto é no Arujá. Como o transporte público praticamente inexiste, e o pouco que existe me odeia, a solução era comprar um carro. Não tinha saída. Ainda mais quando não consegui ir a um jogo de pôquer porque não tinha carona, aí vi que estava perdendo oportunidades de negócios. 6 meses depois de chegar em Dallas, lembrava daquele velho amigo argentino dependente veícular me falando que era impossível. Fazer o que?
Soube que a Volkswagem tinha um plano pra estrangeiro. Como estava iniciando do zero aqui, meu crédito estava mais baixo que o cabelo do meu pai, que é careca. Como não tinha dinheiro pra dar entrada num carro, o ideal era entrar nesse plano.
Consegui uma carona pra ir até a loja. Percebi como um caroneiro é inconveniente, porque o motorista mal esperou eu sair do carro pra arrancar e me deixar lá sozinho. Ok! Se eu já não sair guiando hoje, volto de táxi.
Dei uma verificada de preços na volks, fiz um test-drive. Saí da loja por volta das 19h48. Aproveitei que tinham outras concessionárias, de outras marcas próximas e fui dar uma olhada aqui e ali. Nada me agradou e já eram mais que 20h, todas as lojas haviam fechado. A avenida ficou numa penúmbra. Precisava pegar um táxi pra voltar pra casa, mas nada. 30 minutos de espera e nada de passar um mísero táxi. Que saudades do bonde. A solução foi caminhar, procurar alguma porcaria aberta pra ligar pra alguma companhia de táxi. Mas tudo estava realmente fechado. 1 hora depois acho um posto de gasolina. E um táxi parado lá. Amarelo. Pronto pra me levar ao meu lar. Eu estava doente. Com febre, gripe e início de amigdalite. Louco pra chegar em casa e desmaiar. Só faltava o taxista! Por volta de 15 minutos nada dele aparecer. Eu já cogitava entrar no carro e ir embora mesmo assim.
De repente saí da loja um ser. Uns 150 kg. Uns 2 metros de altura. Barba até o peito, cabelo lembrando uma vassoura de piaçava, e que ia até a metade das costas. Um famoso White Trash.
Deixe me explicar o que é White Trash: são aqueles americanos, mais americanos de todos americanos. Patriotas. Vivem em Trailers. A maioria participou de alguma guerra ou o pai. São completamente racistas, preconceituosos. Odeiam o resto do mundo, inclusive os americanos que não são White Trash (tradução literal é lixo branco). São pobres e odeiam gente rica. Você já deve ter visto, naqueles programas policiais americanos, onde sempre tem aqueles barracos de família ou vizinho. Pra você ter alguma noção do que é, veja as fotos abaixo. E acompanhe a história a seguir.

Soube que a Volkswagem tinha um plano pra estrangeiro. Como estava iniciando do zero aqui, meu crédito estava mais baixo que o cabelo do meu pai, que é careca. Como não tinha dinheiro pra dar entrada num carro, o ideal era entrar nesse plano.
Consegui uma carona pra ir até a loja. Percebi como um caroneiro é inconveniente, porque o motorista mal esperou eu sair do carro pra arrancar e me deixar lá sozinho. Ok! Se eu já não sair guiando hoje, volto de táxi.
Dei uma verificada de preços na volks, fiz um test-drive. Saí da loja por volta das 19h48. Aproveitei que tinham outras concessionárias, de outras marcas próximas e fui dar uma olhada aqui e ali. Nada me agradou e já eram mais que 20h, todas as lojas haviam fechado. A avenida ficou numa penúmbra. Precisava pegar um táxi pra voltar pra casa, mas nada. 30 minutos de espera e nada de passar um mísero táxi. Que saudades do bonde. A solução foi caminhar, procurar alguma porcaria aberta pra ligar pra alguma companhia de táxi. Mas tudo estava realmente fechado. 1 hora depois acho um posto de gasolina. E um táxi parado lá. Amarelo. Pronto pra me levar ao meu lar. Eu estava doente. Com febre, gripe e início de amigdalite. Louco pra chegar em casa e desmaiar. Só faltava o taxista! Por volta de 15 minutos nada dele aparecer. Eu já cogitava entrar no carro e ir embora mesmo assim.
De repente saí da loja um ser. Uns 150 kg. Uns 2 metros de altura. Barba até o peito, cabelo lembrando uma vassoura de piaçava, e que ia até a metade das costas. Um famoso White Trash.
Deixe me explicar o que é White Trash: são aqueles americanos, mais americanos de todos americanos. Patriotas. Vivem em Trailers. A maioria participou de alguma guerra ou o pai. São completamente racistas, preconceituosos. Odeiam o resto do mundo, inclusive os americanos que não são White Trash (tradução literal é lixo branco). São pobres e odeiam gente rica. Você já deve ter visto, naqueles programas policiais americanos, onde sempre tem aqueles barracos de família ou vizinho. Pra você ter alguma noção do que é, veja as fotos abaixo. E acompanhe a história a seguir.

Perguntei pro homem se ele estava trabalhando, porque precisava que me levass... ENTRA LOGO, disse o senhor muito bem educado, me interrompendo. No carro não fala uma palavra. Eu falo a rua pra me guiar. Continua mudo. Percebo depois de alguns kms que o taxímetro não está ligado. Pergunto educadamente se ele não ligará. Eu juro por Deus que não entendi uma palavra do que ele dise. Parecia um cachorro latindo, com problema sério estomacal. A voz era estupidamente grossa. Imagine o cantor do Sepultura depois de uma forte tosse. Ele disse só três palavras. E eu fiquei longe de entender qualquer uma delas. O caminho inteiro foi aquela tensão. Eu não entendi o que ele falou, já pensando que as três palavras seriam "você foi sequestrado", ou "são 200 dólares", mas na verdade era "você se fudeu". Depois de um longo caminho, reparei que estávamos mesmo indo pra minha casa. E dei uma dica simples, dizendo que se ele entrasse naquela rua, pegaria um atalho e mais uma vez fui interrompido. Dessa vez praticamente latiu, uivou e rosnou. Me disse uma série de palavras, ríspidas. Fudeu, pensei. Não entendia porra nenhuma. Nenhuma palavra. Nada. Num meu humilde "Sorry?" ele falou com a mesma raiva, mas compassado onde eu consegui entender: "EU ESTOU DANDO A PORRA DA CARONA DE GRAÇA E VOCÊ AINDA QUE ME DAR AULA DE DIREÇÃO?". Eu só respondi: Meu prédio é aquele do outro lado da rua, obrigado.
E lá fui eu caminhando mais uns 2 km até minha casa.
E lá fui eu caminhando mais uns 2 km até minha casa.
terça-feira, 24 de junho de 2008
Um amigo chamado Bonde!

Bom... Cheguei aqui em outubro de 2007, com a idéia de guardar dinheiro e voltar rico pro Brasil. Idéia tonta de início, porque teria que trabalhar 600 anos aqui pra voltar com uma boa bufunfa! Bom, mas no começo realmente pensei em não gastar dinheiro com o que eu não precisava.
Quando perguntei como era viver em Dallas, pra um amigo, antes de vir pra cá, ele disse entre outras coisas que eu iria precisar de carro. "O transporte público praticamente não existe"... "Você vai ter que comprar um carro, impossível viver lá sem". Mas não... Eu queria provar que o que ele tava dizendo era somente uma conversa de um dependente veícular. Aqui tem um bondinho (Trolley) que circula Uptown e vai até Downtown, onde eu trabalho. Pronto. Quando conheci Uptown fiquei apaixonado, é ali que eu vou viver. Supermercado, barzinhos, baladas. Tudo ali e o melhor: o bondinho pra ir pro trabalho. Carro pra quê??? Comprei uma bicicleta (vou contar em outro post algumas histórias com a bicicleta - ou AS bicicletas) e pronto. Dois meios de transporte pra me locomover entre Uptown e Downtown. E os dois ajudavam na minha consciência naturalista atual.
Acordava, descia pro ponto do bondinho e ia embora. Muitas vezes o filho de uma mãe estava passando. E eu perdia esse. Esperava pelo próximo que tarda uns 20 minutos. Mas com ódio saindo pelas ventas. Fazer o quê? Mas eram questões de segundos que eu não conseguia entrar na porcaria. As vezes calculava o tempo (ele passa aqui na rua e posso vê-lo) para o próximo e descia as vezes com 5 minutos de antecedência e não é que o corno tava indo embora? Ele se antecipou a mim. Bonde filho da puta! Eu tinha uma briga particular com essa máquina véia. Ele não gostava de mim e eu não gostava dele. Mas só eu precisava dele. Então ele se achava na liberdade de me zoar quando queria.
Em Downtown, onde trabalho é o ponto final do meu "amigo" bonde, então o horário é rigoroso. Não tarda. Não se adianta. Pelo menos em teoria. E na prática funcionava com os outros, menos comigo.
Um certo dia, saí da agência e desci os dois quarteirões que separam o prédio do bonde. Eu estava adiantado. 2 minutos. E de longe via o bonde partindo. Eu imaginava a cara do maquinista, olhando pra trás, com um chifrinho de diabinho (como em Pica-Pau), dando uma risada irônica e falando: "vamos meu bondinho, jogue fumaça na cara dele, hehehehe". Eu calculei, vi que ele iria parar num semáforo. Comecei a corrida contra o tempo. Parecia um louco correndo na rua e segurando a mochila com o laptop. Enquanto corria vi que o semáforo abriu e ele não parou. Ok. Tem um semáforo logo em seguida e ele está fechado. Nesse eu alcanço. Pode apostar. Corri feito um guepardo. Cheguei no bonde e quando fui avisar o maquinista, o %$@# do semáforo abre. E lá se vai o bonde em seu caminho. Ok. Tem um semáforo logo em seguida e ele vai estar fechado. SE DEUS QUISER. E estava. Me senti correndo em câmera lenta... olhando a linha de chegada, a torcida gritando, agitando bandeiras escritas com meu nome, as crianças sorrindo... Atravesso a rua, já estou paralelo ao bonde, já consigo ver uma mulher olhando pra mim, sorrindo, um senhor olhando assustado. Chego na parte da frente e dou uma batidinha no vidro, pro maquinista abrir a porta. O colega está com um ipod no ouvido e não repara, nisso o semáforo abre e o bonde se vai. Eu já estava cansado, morto, suado (estava uns 10 graus), não iria aguentar correr mais atrás do amigão. A solução foi caminhar até o próximo ponto e esperar. 30 minutos depois lá está ele. Brilhando!!! Sorrindo pra mim! Estou no ponto, não tem mais como fugir de mim! Já estou dentro, esperando e partiu! Meio quarteirão depois o bonde pára. O maquinista diz que o bonde está com um problema e teríamos que esperar uns 20 minutos! Mas o meu inglês foi suficiente pra entender: "Paramos pra fazer o Alê de tonto". E estava na frente de uma lanchonete. Como era a hora do almoço (nesse dia o trabalho era só meio expediente), é ali que iria comer.
Enquanto como, observo o bonde parado. E logo outro parou atrás e outro. Um congestionamento de bondes. Eu teria bonde a dar com balde, não precisaria correr, suar. Pedi a conta rápida, pra pegar pelo menos um deles. Mas não adianta! Quando finalmente paguei a conta os três bondes partiram ao mesmo tempo em fila indiana. Adeus! Eu já nem sentia mais raiva. Já tinha acostumado com as palhaçadas desse transporte traiçoeiro. A solução foi andar até o próximo ponto... E adivinha onde era? Na porta da minha casa.
A carne voadora e a travessa autolimpante!
Bom... Como estou aqui têm 9 meses, vou contar as histórias meio que aleatórias e não por ordem cronológica. Eu já havia morado em Chicago por 3 meses, em 2005. Saí da comidinha da minha mãe pra cair no submundo da comida degenerativa, assassina e entupidora de veias alheias. Conclusão: em Chicago, em 3 meses devo ter ganhado uns 10 kg. Era fritura, refrigerante, lixaiada o dia todo! Quando surgiu a proposta de emprego aqui e tal, prometi que não iria comer mais essas tranqueiras... Que ia me cuidar. Conclusão, desde que vim pra cá, emagreci quase 10 kg. Mas calma aí... Não foi nada tranquilo. Só sabia fazer macarrão com molho de tomate e pronto... E com o passar do tempo estou aprendendo algumas receitas e tentando executá-las, mas muitas vezes são as receitas que me executam. Ainda não sei fazer quase nada. Mas com fé consigo me alimentar!
Ontem inventei de fazer uma carne bonita, que encontrei no mercado. Corte texano, 2kg de carne bovina. Bora fazer no forno. Minha mãe me passa uma receita tranquila, simples. Fazer o pedaço de boi envolto em farinha de trigo.
Só um parênteses nessa história, pedi pra uma faxineira, depois de quase 2 meses ir pra minha casa fazer uma faxina geral... Nunca a casa esteve tão limpa (não sou uma pessoa que acumula sujeira, mas o chão da cozinha dava pra patinar, as paredes com respingos de molho de tomate, óleo etc)... Ou seja... estava um brinco!
Voltando para a comida de ontem. 1 hora e uns minutos no forno... Assando a bagaça... A fome explodindo, 11 da noite. O cheiro maravilhoso. Vamos ver como ficou... Tiro a carne com um pegador que tem duas faces, pra pegar em baixo e em cima. Com todo o cuidado do mundo vou subindo a carne com o pegador... já está quase no alto da pia, pra colocar na táboa. Com um simples passo de bailarina flutuante, a carne tenta sua última fuga. Foge do pegador, numa altura de 1 metro e meio e quica na pia e mais três quicadas no chão... Me lembrou muito aquela cena de 2001 - Uma Odisséia no Espaço, quando aquele ser primata joga um osso pra longe e a cena segue em câmera lenta. A única diferença entre a cena do filme e a cena da minha casa, é a carne no lugar do osso, porque o primata era o mesmo. Agora imagine uma carne de 2 kg, brincando com a gravidade, e voando por toda a cozinha. Lembre-se que ela estava envolta em farinha e lógicamente no sangue da carne. Parecia uma cena de homicídio. Fiquei com medo da polícia aparecer e eu explicar com meu inglês medonho que era apenas um boi morto ali!!
Antes de limpar a brincadeira, lembrei de uma coisa que minha mãe disse uma vez.... "Filho, pra tirar a comida grudada de uma panela ou assadeira você tem que jogar água quente. Lembre-se que grudou porque esfriou, se esquentar desgruda." Então aproveito esses dizeres, lógicamente invertidos e atrapalhados na minha fabulosa mente e coloco a travessa de vidro, quente, pelando, embaixo da torneira e tchum. A explosão foi questão de milésimos de segundo, nunca vi uma coisa ser explodida e impludida ao mesmo tempo!
Conclusão: o corno que criou essa Lei da Gravidade deve ser preso, mas a carne ficou deliciosa e não precisei me preocupar em lavar a travessa!!! Pelo menos isso!

Ontem inventei de fazer uma carne bonita, que encontrei no mercado. Corte texano, 2kg de carne bovina. Bora fazer no forno. Minha mãe me passa uma receita tranquila, simples. Fazer o pedaço de boi envolto em farinha de trigo.
Só um parênteses nessa história, pedi pra uma faxineira, depois de quase 2 meses ir pra minha casa fazer uma faxina geral... Nunca a casa esteve tão limpa (não sou uma pessoa que acumula sujeira, mas o chão da cozinha dava pra patinar, as paredes com respingos de molho de tomate, óleo etc)... Ou seja... estava um brinco!
Voltando para a comida de ontem. 1 hora e uns minutos no forno... Assando a bagaça... A fome explodindo, 11 da noite. O cheiro maravilhoso. Vamos ver como ficou... Tiro a carne com um pegador que tem duas faces, pra pegar em baixo e em cima. Com todo o cuidado do mundo vou subindo a carne com o pegador... já está quase no alto da pia, pra colocar na táboa. Com um simples passo de bailarina flutuante, a carne tenta sua última fuga. Foge do pegador, numa altura de 1 metro e meio e quica na pia e mais três quicadas no chão... Me lembrou muito aquela cena de 2001 - Uma Odisséia no Espaço, quando aquele ser primata joga um osso pra longe e a cena segue em câmera lenta. A única diferença entre a cena do filme e a cena da minha casa, é a carne no lugar do osso, porque o primata era o mesmo. Agora imagine uma carne de 2 kg, brincando com a gravidade, e voando por toda a cozinha. Lembre-se que ela estava envolta em farinha e lógicamente no sangue da carne. Parecia uma cena de homicídio. Fiquei com medo da polícia aparecer e eu explicar com meu inglês medonho que era apenas um boi morto ali!!
Antes de limpar a brincadeira, lembrei de uma coisa que minha mãe disse uma vez.... "Filho, pra tirar a comida grudada de uma panela ou assadeira você tem que jogar água quente. Lembre-se que grudou porque esfriou, se esquentar desgruda." Então aproveito esses dizeres, lógicamente invertidos e atrapalhados na minha fabulosa mente e coloco a travessa de vidro, quente, pelando, embaixo da torneira e tchum. A explosão foi questão de milésimos de segundo, nunca vi uma coisa ser explodida e impludida ao mesmo tempo!
Conclusão: o corno que criou essa Lei da Gravidade deve ser preso, mas a carne ficou deliciosa e não precisei me preocupar em lavar a travessa!!! Pelo menos isso!


Todo início tem início!
Meus camaradas, começo esse blog por incentivo da minha irmã, Karina Torres, jornalista e futura Gil Gomes. Crio essa joça pra contar algumas coisas zuadas que se passaram comigo aqui nesse fim de mundo. Moro em Dallas, Texas!! Nunca conheci uma cidade mais gringa que essa. Sabe aquelas pessoas que vimos em American Pie, Como perder um Homem em 10 dias, Lendas Urbanas e outros filmes de High School americanos? Com aquelas lindas loiras, bonecas, branquinhas, peitinho apontando pra lua e aqueles caras, cabelo batido e curto, camisa Pólo Rosa, brancos (reds necks), bombadinhos, estilinho quarterback! Então... São esses... Dallas é uma cidade com universidades ótimas... É basicamente aquilo que vimos nesses filmes. E é interessante ser um brasileiro, não falar inglês e ter um portunhol estranho, ter cabelo no peito (aqui são todos lisos ahahah)... Ou seja... fora dos padrões da gringaiada. Ir numa balada aqui é ir ver cenas incríveis. Mas isso é história pra um futuro post. Esse é só pra dar boas vindas e espero que se divirta com essa palhaçada toda. Eu pelo menos só tenho uma saída, dar risadas das coisas que só acontecem comigo aqui na América, além das complicações de comunicação, eu sou a pessoa mais atrapalhada do mundo!!
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